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Obrigada, Dra. Goodall

por | 9 out 2025

Luiza Moura celebra a trajetória da cientista Jane Goodall, morta no dia 1º, aos 91 anos

ilustração: Kairo Rudáh, a partir de foto de Jeekc – CC BY-SA 3.0

Na semana passada eu estava em uma livraria com uma amiga, rolando despretensiosamente o feed do instagram quando vi a notícia sobre a morte da primatóloga, etóloga, antropóloga e ambientalista Jane Goodall. Só tive forças de mandar uma mensagem no grupo da minha família falando “Gente, a Jane Goodall morreu, aquela que trabalhava com os chimpanzés”. Digo que “só tive forças” porque realmente a partida dessa mulher incrível me deixou muito triste. Jane Goodall era, para mim, um desses ícones que parecem imortais, que não vão embora nunca.

Jane — e aqui vou tomar a liberdade de chamá-la pelo primeiro nome — foi pioneira nos estudos sobre primatas, protagonizando cenas clássicas e fofas como o clássico abraço que ela recebeu de um chimpanzé que a reconheceu. Em tempos de negacionismos e desesperanças, Jane Goodall era uma dessas mulheres que nos lembrava que não estamos acima da natureza como parecemos pensar. Que nossa relação com a fauna e a flora tem que ser de irmandade e proximidade, não de domínio.

A Dra. Jane Goodall também foi uma voz importante em relação à mudança climática. Em inúmeras oportunidades, deixou clara sua preocupação com o impacto que os seres humanos têm causado no planeta Terra, alterando ciclos naturais, aumentando temperaturas, destruindo florestas e prejudicando a vida de outras espécies. Em 2023, por exemplo, a antropóloga concedeu uma entrevista à BBC em que falou sobre seu trabalho, suas experiências e a realidade climática que o mundo enfrenta. Disse: “Estamos destroçando o planeta. Criamos as mudanças climáticas. Causamos a perda de biodiversidade, e a pandemia é culpa nossa, devido a nossa falta de respeito à natureza e aos animais.”

Ao mesmo tempo em que reconhecia a gravidade da crise climática que enfrentamos, Jane optava por ter esperança no futuro, nas transformações possíveis e na juventude. Em 2021, Goodall lançou seu livro chamado “O livro da esperança”, em que fala justamente sobre quatro motivos que lhe dão esperança em tempos de crise climática. Na mesma entrevista à BBC, Goodall disse: “Sim, depois de escrever o livro eu pensei nesta imagem: é como se estivéssemos em um túnel muito, muito escuro, porque na verdade estamos em tempos escuros, disso não há dúvida. Mas exatamente no final desse túnel há uma pequena estrela brilhante. Essa estrela é a esperança, mas para chegar a ela temos que escalar, nos arrastar e passar por todos os obstáculos do túnel. Temos que agir.”

Gosto muito de como Jane Goodall relaciona a esperança com a ação. Esperança do ato de esperançar. Um pouquinho de otimismo em tempos tão difíceis. Acho que, no fim das contas, só temos a agradecer a Dra. Jane Goodall. Por seu trabalho, seus discursos, suas falas e sua esperança. Obrigada, Jane. Por tanto. Vamos, com certeza, trabalhar para manter o seu legado.

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