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Um prêmio para a botânica sempre viva e seus jogos virtuais

com Carlos Ribas, do Edgardigital

Projeto que investe contra a “cegueira botânica” é um dos vencedores do prêmio Carolina Bori, da SBPC

Estudante de graduação na Universidade Federal da Bahia (UFBA), Ariane Leite do Nascimento, paulistana, 22 anos, dividiu com Anita de Souza Silva, da Federal de Sergipe (UFSE), o prêmio “Carolina Bori Ciência & Mulher” para pesquisas de iniciação científica em ciências biológicas e saúde.

O alvo, deste ano, do prêmio da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) era meninas na ciência, aquelas que demonstrassem, nas diversas áreas do conhecimento, criatividade, boa aplicação do método científico e potencial de contribuição para a ciência no futuro.

Nascimento se apresentou na premiação com “Botânica sempre viva”, enquanto Souza Silva foi de “Diagnóstico da Leishmaniose Visceral em cães e percepção dos tutores de cães e gatos sobre a doença”. Nesta quarta edição, foram indicadas ao prêmio 446 candidatas de 223 instituições de todas as regiões do país.

Vamos nos concentrar, entretanto, no projeto da estudante da UFBA que, apoiado pela Pró-reitoria de Extensão (Proext), buscou uma tentativa de mitigação dos efeitos da chamada “cegueira botânica”.

Essa expressão faz referência à dificuldade de se compreender a importância das plantas para o ecossistema e a humanidade. E estudos mostram que a maneira pela qual a botânica é ensinada nas escolas – excessivamente teórica, descontextualizada e cheia de vocabulário novo para o estudante – seria uma das razões para a incompreensão.

“Assim, propusemos a difusão das sementes da botânica para além da divulgação de curiosidades em redes sociais, como vínhamos fazendo até então”, Nascimento conta. Expandiram o projeto para o âmbito escolar e deram à luz ‘Botânica Sempre Viva e Em Aula”.

O melhor de tudo é como fizeram isso: com a colaboração de professores e alunos de graduação e pós da UFBA, mais professores de ensino médio de Salvador e de outras cidades baianas. Ariane e seu grupo de alunas-pesquisadoras desenvolveram novos materiais didáticos virtuais.

Entraram em campo jogo de perguntas e respostas sobre os ciclos reprodutivos e evolução dos quatro grandes grupos de plantas terrestres, vídeo-cordel sobre fitormônios e uma cartilha em PDF publicada pela Edufba, com situações-problema relacionando morfologia vegetal, genética e evolução.

Todos esses materiais estão disponíveis em: (https://botanicasempreviva.wixsite.com/botanica-sempre-viva/educa%C3%A7%C3%A3o).

 

A idealizadora desse projeto premiado nasceu na capital paulista e chegou à UFBA para  cursar ciências biológicas em 2019. Ela se encantara nos anos precedentes com projetos ambientais que conhecera em algumas viagens feitas pelo Nordeste e decidiu cursar mais perto da natureza a faculdade que está levando a “fazer brotar e crescer os sonhos plantados na infância”.

Ela explica que, ao falar em “plantados” e “fazer brotar”, está, sendo quase literal, pois foi a botânica que a iniciou na jornada acadêmica, “pelo projeto Botânica Sempre Viva, ao lado de pesquisadoras incríveis”.

Desde 2020, o grupo elaborou sete apresentações para congressos e outros eventos científicos e ganhou prêmios.  Nascimento hoje atua também no projeto “Econtos: divulgando ecologia para o público infanto-juvenil”.

“Nosso objetivo maior é transformar a visão da botânica na escola, que é centro da nossa formação como indivíduos e cidadãos”, ela diz.

Nesta sexta-feira, 10 de março, vai acontecer a cerimônia de premiação na no Centro Cultural Maria Antônia da Universidade de São Paulo (USP), como parte das celebrações do Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, instituído pela Unesco. As premiadas ganharão uma visita guiada ao Museu do Ipiranga e um troféu, mais passagens aéreas e diárias para a 75ª Reunião Anual da SBPC em julho, em Curitiba.

 

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