Por Thaciana de Sousa Santos
Alcançado o polo sul da Lua, a Índia já lançou a nave Aditya-L1, pondo em marcha a missão Surya para chegar ao ponto 1 de Lagrange, no exato meio do caminho entre a Terra e o Sol.
Vamos voltar a falar sobre o assunto que nós amamos: astronomia.
E nada melhor do que tocarmos um tiquinho só na questão da corrida espacial. Claro que isso é um tanto ou quanto ciências exatas com política juntas, é um combo e, arrisco a dizer, de elementos inseparáveis.
E nesse assunto, temos a Índia que conseguiu pousar uma espaçonave na Lua. Achei meio estranho, viu? Sempre vemos potências grandes, como Estados Unidos, Rússia e China (que já pousaram uma espaçonave na Lua) disputando o poder de desbravar o sistema solar, mas a Índia foi lá e pôs o nome dela. E ainda fez história, está bem? Não satisfeita em só ir para a Lua, a nação pôs a espaçonave no polo sul e se tornou a primeira a conseguir tal feito.
Deu para perceber já que não estão de brincadeira, né? A Rússia chegou a tentar ir para esse ponto sul, ficar ali meio que nos arredores, mas fracassou.
Aí, eu fiquei me perguntando: se a corrida agora é para o polo sul, o que será que ele tem de tão especial?
E se estão nessa agoniação, é porque alguma coisa chamou a atenção. E foi exatamente isso que aconteceu e vem acontecendo: estão interessados na água.
E se o ponto principal é a água, estamos falando na possibilidade de sustentar vida, não é? Aí eu te pergunto: já não estragamos a Terra o suficiente, temos mesmo que tentar estragar mais alguma coisa no universo observável?
Chegamos a um nível crítico, de onde não tem mais como retornar, só mitigar. Essas temperaturas elevadíssimas e sensação térmica absurda é culpa nossa. O planeta não está aqui para nos servir, mas, sim, nós nos servimos dele. É algo que podia ter sido muito mais valorizado, ter sido feito com cuidado, e não foi, porque o ser humano achou que precisava entrar em conflito com a natureza para mostrar quem manda em quem.
Não é como se o planeta fosse morrer, isso não vai acontecer tão cedo, nós é que talvez possamos desaparecer como espécie. Dureza, né? Mas é a verdade, e se isso acontecer, quando não estivermos mais aqui a Terra irá se recuperar – mas nós, não.
Voltando. Você deve ter talvez se perguntado como é que tem água na Lua ou como só descobriram (ou, pelo menos, falaram) agora. Ou como isso pode ser potencialmente bom para sustentar a vida humana
Para não dar um nó na cabeça de ninguém ou mesmo desfazê-los, vou tentar explicar por partes.
Para sabermos o que acontece fora do nosso planeta, precisamos enviar espaçonaves e satélites para orbitar objetos próximos. Então, há uma espaçonave orbitando a Lua para saber como ela se comporta ou o quanto se afasta por ano. Essa espaçonave é a Lunar Reconnaissance Orbiter e é da NASA.
Como todos sabemos, a Lua não é uniforme, ela possui crateras, algo que conseguimos ver em uma simples foto. Há crateras maiores e outras menores, já que o satélite não é regular e simétrico, e é nessas crateras maiores que a água está presente.
A água não está no estado líquido e sim no sólido, logo, é gelo. Esse gelo está em crateras sombreadas que não foram alcançadas ou contaminadas pela radiação do Sol, em condições com uma grande chance de assegurar vida. O acúmulo de gelo nessas regiões deve ter sido formado ao longo de milhões de anos.
Achei muito empolgante essa nova descoberta e muito mais sabendo que a Índia pousou uma espaçonave numa região que ainda não é conhecida. Acho que agora podemos começar a descobrir a história da água no sistema solar.
Vamos esperar as cenas dos próximos capítulos e ver se a Índia vai um pouco mais longe, até alcançar um dia o Sol. Alcançar, não pousar, é claro! E para isso já está em andamento a missão que pretende chegar ao ponto 1 de Lagrange, entre a Terra e o Sol.*
*[Reproduzido da BBC Brasil: A Índia lançou a sua primeira missão de observação do Sol, poucos dias depois de o país ter feito história ao tornar-se o primeiro a aterrar perto do pólo sul da Lua.A nave Aditya-L1 decolou da plataforma de lançamento em Sriharikota no sábado às 11h50, horário da Índia (8h30 a frente do Brasil).A primeira missão espacial da Índia para estudar o Sol tem o nome de Surya – o deus hindu do Sol, também conhecido como Aditya. E L1 significa ponto 1 de Lagrange – o local exato entre o Sol e a Terra para onde a espaçonave indiana está se dirigindo – https://www.bbc.com/portuguese/articles/c0kj08pl9p2o].
Thaciana de Sousa Santos, a Tatá, é estudante de graduação do Instituto de Física da Universidade de São Paulo e escreve semanalmente para o Ciência na Rua