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A Lua, seus eclipses e mistérios

por | 25 maio 2023

Por Thaciana de Sousa Santos

Em suas incursões pelo Sistema Solar, a colunista elegeu nesta semana o festejado satélite da Terra para compartilhar algumas questões básicas de astronomia com suas leitoras e seus leitores

 

Quem está pertinho de nós e desempenha um papel único e muito importante é a Lua. Sei que adoramos admirá-la e, hoje, vou contar um pouquinho sobre ela.

Não vou entrar em termos técnicos nem nas falas populares que são consideradas erradas pela astronomia, mas há algo que preciso dizer sobre as “fases” da Lua. Isso mesmo, entre aspas, porque a Lua não possui fases, trata-se apenas da fração que é iluminada e que nós conseguimos ver. Ela está sempre do mesmo jeitinho, não há um lado escuro, apenas um lado oculto para nós.

Essas fases ocorrem devido à posição relativa da Terra, do Sol e da própria Lua, e como sabemos, é o Sol que ilumina tanto a Terra quanto o satélite que nos cerca. Então, quando falamos dos períodos de rotação de ambos, temos algumas possíveis configurações.

Você sabe o que acontece para haver um eclipse solar, por exemplo? A configuração é a seguinte: Sol, Lua e Terra. Logo, uma face da Lua fica de frente para a Terra e a outra, de frente para o Sol. Imagine um funil voltado para uma fonte de luz, e aí você coloca o seu dedo perto do bico, não colado, alguma luz vai passar pelas brechas que sobraram em torno do dedo. Pense que a Lua faz esse papel do dedo, barrando a luz que chega ao planeta, quase sempre parcialmente.

E no eclipse lunar, você sabe o que acontece? A configuração muda, a Terra está entre o Sol e a Lua, ela é como o dedo perto do bico do funil, e a luz que resta vai para o satélite.

Se não sabiam, agora estão sabendo como acontecem os eclipses. Mas você deve estar pensando: então, não deveria ter a cada Lua nova um eclipse solar, aquele que todos aguardamos porque o dia ficará escuro por alguns minutos, e a cada Lua cheia um eclipse lunar?

Aí tem um porém, talvez não tão intuitivo: é que a Terra gira em torno do Sol em um plano (não, não é nada disso de Terra plana!). Todos já ouvimos sobre o plano cartesiano, o plano xy.  E os planetas também possuem um plano, como se cada um tivesse a sua própria faixa na avenida marginal do sistema solar, e ninguém causa engarrafamento no trânsito ou atrapalha o movimento dos outros.

Então, se a Terra tem o seu plano, a Lua tem o dela, e é quando esses planos coincidem, que há os eclipses. Tá bom, Tatá, mas, tem alguma coisa nesses planos aí que não está encaixando.

Lembra aquele sinal de diferente que usamos na matemática (esse aqui ≠)?

Imagine os planos orbitais de cada um sendo desse jeito. Pense que a Terra está em um plano reto e Lua, em um meio inclinado. É preciso que coincidam, falando no eclipse solar: não basta apenas o Sol iluminar a Lua e esperar a mágica, porque não é assim que acontece, e se o planeta estiver um pouquinho mais para cima ou para baixo, não funciona completamente.

É necessário estar um atrás do outro, igual a uma fila extremamente organizada nos mínimos centímetros.

Falei bastante sobre o eclipse solar por um motivo: ele é o mais aguardado para se estudar a coroa solar. Lembra dos desenhos infantis que, mesmo sem as crianças saberem, fazem um círculo (o Sol) e algo em volta? É a coroa solar, e só é possível estudá-la durante esse fenômeno.

Será possível ver um eclipse solar em 14 de outubro. Ele será anular, ou seja, incompleto, a Lua não encobrirá totalmente o Sol, ela ficará no meio, e sobrará tipo um anelzinho bem fino de luz.

Mas o próximo eclipse solar total visível no Brasil acontecerá apenas em 12 de agosto de 2045. Até lá, aguardarei ansiosamente pelo dia, eu sei que ainda tem muito tempo pela frente, mas os dias estão passando tão rápidos que mal vamos notar.


Thaciana de Sousa Santos, a Tatá, é estudante de graduação do Instituto de Física da Universidade de São Paulo e escreve semanalmente para o Ciência na Rua

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