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Pode ser o fim de uma era

por | 11 jul 2024

Luiza comenta estudos sobre a necessidade de novas explorações de combustíveis fósseis

Queridos leitores e queridas leitoras: sim, é real. Como disse a Dua Lipa no álbum novo dela, “this could be the end of an era” (isso pode ser o fim de uma era). Por incrível que pareça, dessa vez eu não estou falando do fim do mundo (ainda). Eu estou falando do fim da era dos combustíveis fósseis. Calma, ninguém mudou a política da Petrobras, o Acordo de Paris segue sem ser cumprido e ainda tem gente querendo explorar petróleo na foz amazônica. O que eu tô falando é que já existem estudos mostrando que não precisamos mais explorar combustíveis fósseis para suprir as demandas humanas. É isso mesmo. Péra, que eu vou explicar.

Duas matérias publicadas recentemente no portal ClimaInfo mostraram que se o mundo, de fato, estiver comprometido em realizar uma transição ecológica e reduzir as emissões de gases de efeito estufa para mitigar os efeitos da crise climática, vai sobrar petróleo. E, acreditem, quem está dizendo isso não somos nós, os ecochatos de plantão, são especialistas do setor de energia que têm feito esse debate. O especialista ouvido pelo ClimaInfo, “Jarand Rystad, CEO da Rystad Energy, uma das maiores consultorias globais da área de energia”, diz que “O setor upstream está trabalhando duro para reduzir as emissões de gases de efeito estufa dos campos petrolíferos. No entanto, mesmo com essas medidas de mitigação e esforços governamentais, se o aquecimento global for limitado com sucesso a 1,6°C, apenas metade das reservas recuperáveis ​​do mundo seriam necessárias. Não é irracional concluir que políticas e avanços tecnológicos podem reduzir o consumo de petróleo e impulsionar a transição energética, aproximando-nos de um cenário de 1,6°C”.

Outra matéria, publicada também pelo ClimaInfo, mostrou que estudos apontam que o mundo já produziu e já extraiu petróleo suficiente para suprir as demandas até 2030. De acordo com o portal: “A consultoria Wood Mackenzie, uma das mais respeitadas em petróleo e gás fóssil do mundo, mostrou em relatório recente que o atual investimento anual global de cerca de US$ 500 bilhões em exploração e produção seria suficiente para atender ao pico da demanda de petróleo em 2030.”

Ou seja, o que estamos vendo é que o papo de que o petróleo é fundamental para suprir as necessidades humanas não é tão real assim. E digo mais, se os estudos mostram que temos petróleo suficiente para suprir as demandas até 2030, por que não usar esses anos para parar a exploração de petróleo gradualmente e investir em uma transição energética justa e democrática? É urgente e fundamental que se criem normas globais para incentivar a transição e constrangimento de países petroleiros — e sim, isso inclui constranger o Brasil.

É mais ou menos disso que fala um artigo científico publicado na revista Science que advoga pela criação de uma norma internacional de não proliferação de petróleo. Quase como o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, que rolou no meio da Guerra Fria, sabe? Quando todo mundo estava com medo da bomba atômica… Então, é para todo mundo estar com medo do petróleo também! Os autores do artigo na Science afirmam que: “Especificamente, instamos os governos a anunciar que não mais permitirão nova exploração, produção ou projetos de geração de energia a partir de combustível fóssil” ((tradução nossa). Meio na contramão do que o mundo vem fazendo, né? Mas, se pararmos para pensar, de fato, passou da hora de se agir enfaticamente para enfrentar o problema da crise socioambiental e climática que vivemos.

Evidências e estudos não faltam. Propostas de como chegar em uma transição energética justa e democrática, também não. O que falta é vontade e comprometimento dos líderes globais, que não estão nem perto de atingir as metas colocadas pelo Acordo de Paris. E isso simplesmente não pode mais ser tolerado.

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