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Macacos parecem apreciar mais a companhia uns dos outros após experiência traumática
Comportamento animal

por | 9 maio 2019

foto da home: Dr. Raju Kasambe – CC BY-SA 4.0

 

O furacão Maria, que atingiu o Caribe em 2017 e matou milhares de pessoas em Porto Rico, destruiu grande parte da vegetação da ilha Cayo Santiago, na costa do país. Na ilha, que não tem habitantes humanos, vivem cerca de 1500 macacos-rhesus. Após a perda de vegetação, os macacos passaram a apreciar ou, no mínimo, tolerar mais a companhia de outros macacos, de acordo com reportagem da revista NewScientist.

Os animais da ilha são descendentes de espécimes levados para pesquisas médicas, 80 anos atrás. De lá para cá, recebem comida, mas, afora isso, vivem sem maiores interferências humanas. A Ilha dos Macacos, como é conhecida, se tornou um local de estudo sobre o comportamento e a genética desses animais, e foi declarada reserva científica em 2018.

Antes do furacão, que matou 10% deles, os macacos eram bastante ariscos com animais que não fossem seus parentes e frequentemente os atacavam se chegassem perto demais. Depois, passaram a se aproximar mais. Em um grupo, a quantidade de vezes em que espécimes foram vistos a menos de dois metros de distância aumentou 10 vezes. O pesquisador Sam Larson, da Universidade da Pennsylvania, nos EUA, explica que uma possível explicação é que a companhia os deixe menos estressados, após a experiência traumática. Outra possibilidade é que, com a perda de vegetação, eles precisem se concentrar em áreas menores de sombra, “Isso sugere que, se os recursos acabam, eles têm que se tornar mais tolerantes uns com os outros”, disse Larson à revista inglesa.

Joanna Setchell, da Universidade de Durham, na Inglaterra, que não estava envolvida na pesquisa, disse à NewScientist que pode haver uma combinação das duas possibilidades. “Algumas décadas atrás, éramos muito contrários à ideia de que poderia antopoformizar. Mas talvez nossa primeira hipótese deveria ser de que eles reajam às coisas da mesma forma que nós”.

A equipe de Larson descobriu também que espécimes na base da hierarquia social passaram a ser mais aceitos. “Isso indica como a adversidade compartilhada une todo mundo, o que talvez seja o oposto do que se espera”, disse Frans de Waal, da Universidade Emory, nos EUA, à NewScientist. “Sempre pensamos que a adversidade levará a mais competição, mas aqui está levando a mais coesão”.

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