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Entre a física e a astronomia

por | 2 maio 2024

Fiquei me perguntando sobre as escolhas que fiz para chegar até aqui e as que continuarei fazendo para chegar até chegar na Nasa ou algo do tipo.

E, em todos esses questionamentos, pensei em algo que nunca conversei aqui com vocês. Já devem ter percebido que gosto bastante de astronomia e, normalmente, conversamos mais sobre assuntos dessa área. Então, provavelmente, deve estar se perguntando o porquê eu não faço astronomia, não é?

É aí que entra o tema da nossa conversa de hoje. Eu pensei, sim, em fazer astronomia. Foi a minha primeira opção no vestibular da USP, a Fuvest, mas o curso é muito pequeno. São apenas 20 vagas por ano e período integral. Eu acho que poderia ter noturno ou ter mais vagas.

Mas enfim, voltando ao ponto central, eu poderia ter tentado fazer mais um ano de vestibular, para tentar de novo astronomia. Mas não fez sentido pra mim me desgastar mais um ano. Claro que eu era e ainda sou muito nova, poderia ter tentado e, de certa forma, não atrasaria a minha vida.

Mas, na hora de colocar as minhas opções no site do vestibular, coloquei física como segunda opção, porque no fundo e no final, eu chegaria no mesmo lugar: a astrofísica.

As diferenças não são tão gritantes assim, e hoje a física me parece muito melhor. Na astronomia eu me sentiria presa, mas na física não me sinto, posso explorar varias áreas, como a física médica, a nuclear, de partículas, entre outras. E sem contar que eu posso simplesmente fazer as optativas na astronomia, apenas para me ajudar no mestrado.

O horário também é bem mais cômodo e flexível, de certa forma. Posso fazer as optativas de tarde e, de noite, minhas matérias obrigatórias. Obviamente estamos falando de um curso com grande evasão, mas o noturno é um tanto quanto mais “tranquilo”. Idealmente, a duração do curso é de dez semestres ideais, apenas até o sétimo com matérias obrigatórias. Nos outros, devemos cumprir créditos de optativas, que são obrigatórios.

Já na astronomia, o curso é muito corrido. Como é integral, são apenas quatro anos, assim como a física ofertada no diurno. O curso de física não é tão concorrido, mas acho que poderia ser cinco anos para o diurno, assim como é para o noturno, e talvez inserir uma turma no vespertino.

É claro que sabemos que não é nenhum curso de medicina para durar seis anos. Mas os cursos de exatas são muito desgastantes, e, assim que ingressamos, não temos amparo nenhum. Deve ser por isso que tantos pegam desgosto ou se sentem tão incapazes para conseguir.

E eu já me senti assim e ainda me sinto. É frustrante. E não há como defender falando que se faz ciência dessa forma, porque não é assim. A cada dia que passa, me parece que estão elitizando ainda mais os cursos de exatas. É tipo aquela ideia de seleção natural, de que apenas os mais aptos sobrevivem.

Cada curso de exatas tem sua particularidade, é óbvio que não são todos iguais. Mas a dificuldade é comum para todos porque, além de serem muito desgastantes, tem coisas que não conseguimos aprender em aula e viram uma bola de neve, tendo que estudar por fora.

Mas eu te pergunto: até quando? Até quando a formação na ciência será tão dificultada assim?

 

ilustração: @paozinho_celestial

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