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Ciência monstruosa: os lobisomens e o crescimento dos pelos

Para não falar tanto de vírus, vamos falar um pouco de crescimento capilar.

Sabiam que todos os pelos de nosso corpo têm seu próprio ciclo de crescimento e queda?

Clipart: lobisomem de calça jeans rasgada, saltando com a boca aberta. Título: "Quanto dura a fase anágena em cada tipo de pelo?" Legendas: "Bigode, 4 a 14 semanas", Sobrancelha, 1 mês", "Cabelo, 3 a 5 anos", "Barba, 1 ano", "Pelo corporal, 13 a 15 semanas", "ESCLARECIMENTO: em algumas variedades de hipertricose, os tempos variam e geralmente a fase anágena se estende para todos os tipos de pelo."

A hipertricose (do grego “crescimento excessivo de pelo”) é uma doença com muitas variantes, que em sua maioria implicam o crescimento anormal de pelos em áreas pouco comuns e independente da influência hormonal.

Sequência de ilustrações de pelo saindo da pele com legendas: 1) Fase anágena: o pelo cresce graças à produção da proteína queratina, gerada em células do folículo piloso. 90% dos pelos se encontram nessa fase [o folículo piloso na base do pelo está viçoso e irrigado]. 2) Fase catágena: o folículo piloso perde a irrigação e suas células morrem. O crescimento do pelo se interrompe. 1% dos pelos permanece nessa fase [folículo piloso está menor e a base do pelo está fraca]. 3) Fase telógena: é uma fase de repouso. O folículo piloso se reduz à metade. 9% dos pelos se encontram nessa fase. 4) Queda: o pelo se desprende. No caso do cabelo, perdemos cerca de 100 por dia. O folículo piloso volta a entrar na fase anágena (exceto na calvície) [a base do pelo e a parte fora da pele estão frágeis, com aspecto "mastigado"].

Em algumas dessas variantes (sobretudo as hereditárias), a fase de crescimento do pelo se estende mais do que o normal, o que faz com que as pessoas acometidas pela doença tenham um aspecto de lobisomem (também conhecido como licantropo).

No passado, quando nada se sabia de genética nem de crescimento capilar, se considerava os doentes de hipertricose como animais selvagens, e eram exibidos em circos e feiras. Num passado não tão distante, a TV aberta brasileira, que vivia momentos especialmente apelativos e infames, fez o mesmo, em uma edição do programa Domingo Legal, em 1996.

Hoje sabemos que a única coisa que os hipertricóticos têm em comum com os lobisomens é o aspecto peludo (ainda bem!).

Quadrado preto com título "Semelhanças (poucas) e diferenças (muitas) entre um lobisomem e um hipertricótico); fotos PB divididas ao meio, à esquerda um lobisomen, a direita um hipertricótico, e as legendas: "Licantropia: pelos abundantes; transmissão por saliva (mordida); comportamento agressivo; se transformam na lua cheia; exterminado com bala de prata. Hipertricose: pelos abundantes; transmissão por gene (hereditária); comportamento normal, condição permanente; não é pra serem exterminados!!!"

 

Ciência Monstruosa é um projeto do pesquisador e comunicador científico argentino Alberto Díaz Añel, que o Ciência na rua está adaptando para o português. Toda sexta-feira publicaremos um texto aqui e nas nossas redes sociais.

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