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Anunciados os prêmios Nobel de Física e Medicina

A Academia Real de Ciências da Suécia anunciou nesta terça, 8, os vencedores do Nobel de Física, “por contribuições ao nosso entendimento da evolução do universo e do lugar da Terra no cosmos”. Metade do prêmio irá para James Peebles e a outra metade será dividida entre Michel Mayor e Didier Queloz. Na segunda-feira, 7, já havia sido anunciado o Nobel de Medicina, dividido entre William Kaelin, Peter Ratcliffe e Gregg Semenza, “por suas descobertas sobre como células percebem e se adaptam à disponibilidade de oxigênio”.

James Peebles, Michel Mayor e Didier Queloz (ilustração: Niklas Elmedhed / Nobel Media)

James Peebles, 84 anos, físico e cosmólogo teórico da Universidade Princeton, nos EUA, nascido no Canadá, desenvolveu um arcabouço teórico que transformou a cosmologia nos últimos 50 anos. Usando cálculos e ferramentas teóricas, ele conseguiu interpretar traços da radiação do Big Bang e descobrir novos processos físicos. Os resultados de seu trabalho permitiram a compreensão de que só conhecemos 5% do universo, os outros 95% sendo matéria escura e energia escura.

Os suíços Michel Mayor 77 anos, professor na Universidade de Genebra, na Suíça, e Didier Queloz, 53 anos, professor na mesma universidade e na Universidade de Cambridge, na Inglaterra, anunciaram, em 1995, a primeira descoberta de um planeta fora do nosso sistema solar – um exoplaneta – orbitando uma estrela na Via Láctea. A descoberta do Pegasi b, uma bola gasosa comparável a Júpiter, revolucionou a astronomia ao abrir caminho para a descoberta de mais de 4 mil exoplanetas desde então.

William Kaelin, Peter Ratcliffe e George Semenza (ilustração: Kiklas Elmedhed / Nobel Media)

Gregg Semenza, americano, 63 anos, professor na Universidade Johns Hopkins, nos EUA, estudou a genética do hormônio eritropoietina, ou EPO, que regula a produção de glóbulos vermelhos, responsáveis por transportar oxigênio no sangue. Ele descobriu um complexo de proteínas, o HIF (fator induzido por hipoxia, na sigla em inglês), que induz o aumento na produção desses glóbulos. Peter Ratcliffe, inglês de 65 anos, professor na Universidade de Oxford, foi o responsável por associar essa regulação à disponibilidade de oxigênio no ambiente. Em situações de baixa disponibilidade de oxigênio, a produção aumenta.

Já William Kaelin, americano, 61, anos, professor na Universidade Harvard, nos EUA, pesquisava a doença de von Hippel-Lindau (VHL), causada por uma mutação no gene de mesmo nome, e sua relação com a maior vulnerabilidade a determinados tipos de câncer, em especial em regiões do corpo com muita irrigação de sangue. Ele descobriu que esse gene interage com uma parte do HIF, a proteína HIF-1α, e é responsável por sua degradação sob níveis normais de oxigênio.

A partir das pesquisas dos três cientistas, foi possível identificar como se dá essa interação, em artigos publicados em 2001: em um ambiente com nível normal de oxigênio, grupos hidroxila (-OH) se ligam a posições específicas do HIF-1α, permitindo ao gene VHL identificar e unir-se ao HIF-1α controlando sua rápida degradação com a ajuda de enzimas sensíveis ao oxigênio. Pesquisas adicionais detalharam esse processo ao longo dos anos. A compreensão dsse mecanismo de detecção de oxigênio pode ser instrumental para o tratamento de doenças, como a anemia em pacientes com insuficiência renal crônica, para o qual inclusive já existe tratamento aprovado, e de alguns tipos de câncer, ainda em estudo.

Na quarta-feira, 9, será divulgado o Nobel de Química. Na sexta-feira, 11, o Nobel da Paz, e, na segunda-feira, 14, o de Economia.

 

imagem da home: representação artística do exoplaneta Pegasi b (ESO/M. Kornmesser/Nick Risinger – CC BY 4.0)

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