Após mais de 100 artigos publicados, Tatá encerra sua coluna no Ciência na Rua
Ilustração: @paozinho_celestial
Sempre tenho algo para falar, porque, como dizem, tenho uma boca que não cabe na língua. Eita, espera, isso está errado… É uma língua que não cabe na boca. É isso, definitivamente tenho uma língua que não cabe na boca, mas não sei se isso se aplica exatamente nessa situação, já que estou escrevendo e não falando… Mas tudo bem, vocês entenderam.
Não sei bem como começar esse texto, nem que palavras usar, parece que nenhuma é boa o suficiente, mas eu posso tentar. Talvez eu não ache as palavras certa nesse momento, mas é o momento que eu tenho e preciso reunir coragem para isso.
Infelizmente, o nosso ciclo se encerra aqui. Foram três anos e alguns meses juntos, e eu pude aprender com vocês também. É obvio que eu falei mais do que tudo e eu sempre tinha muito o que dizer, mas por ora, eu só venho me despedir.
Eu nunca fui muito boa com despedidas, acho que ninguém é, são coisas que sabemos que acontecerá, mas nunca estamos prontos para isso.
Pode ser clichê, mas a única coisa que eu tenho a dizer é: obrigada. A todos vocês que me acompanharam durante todo esse tempo. Eu amadureci, claro que ainda não é o bastante, porque só tenho 22 anos, ainda vou quebrar muito a cabeça, mas eu mudei muito e vocês também. Espero que tenham aprendido algo comigo e que tenha sido proveitoso para vocês também, porque foi para mim.
Foi um prazer compartilhar minha rotina aqui, mas foi mais do que isso: compartilhei minha vida. Contei sobre histórias malucas de laboratório, minha experiência catando milho na roça alheia, além da história da lesma que surgiu embaixo do meu travesseiro enquanto dormia (o que me tirou o sono por alguns dias).
Contei também histórias sobre como admiro minha mãe e minha avó, e como elas moldaram quem eu sou hoje. Ser uma estudante de exatas não é fácil, acredito que todos sabem. Eu tenho tantos sonhos, que às vezes, sei lá, parecem distantes.
Aqui foi mais do que apenas falar sobre ciência, foi compartilhar experiências, sonhos, amadurecimento e além de tudo, a vida. Aqui, nunca fui apenas uma estudante, fui alguém tentando amadurecer e aprender. Ainda estou aqui, tentando entender quem eu sou ou quem eu serei daqui a um ou dois anos.
Não é um adeus, mas um até logo. Um até logo que eu não sei quanto tempo durará. Não é uma saga que se encerra, mas apenas uma pausa entre os livros e bom, de certa forma, eu ainda estarei aqui. Como qualquer saga que ainda não foi finalizada, vocês sempre podem reler enquanto aguarda o próximo.
É com carinho e amor que eu me despeço e dessa vez, vocês vão ter que esperar um pouquinho mais por mim.
Agradecida por tudo o que vivemos.
Atenciosamente,
Tatá
Thaciana de Sousa Santos, a Tatá, é estudante de graduação do Instituto de Física da Universidade de São Paulo e escreveu para o Ciência na Rua entre 2022 e 2025.
