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Australianos descobrem planta marinha quase do tamanho de Recife
Biodiversidade

por | 8 jun 2022

Organismo marinho, com cerca de 200 km² e estimados 4.500 anos de idade, é a maior planta conhecida no mundo

foto: Rachel Austin

Pesquisadores da Universidade do Oeste da Austrália (UWA) e da Universidade Flinders descobriram a maior planta já registrada, com cerca 200 km², área pouco menor do que a capital de Pernambuco (218 km²) ou do que a capital paraibana, João Pessoa (210 km²), o equivalente a mais ou menos 24 mil campos de futebol. A enorme planta marinha da espécie Posidonia australis está localizada nas águas mornas da Baía de Tubarão (Shark Bay), no oeste da Austrália – área classificada como Patrimônio da Humanidade –, e sua idade foi estimada em impressionantes 4.500 anos. O artigo relatando a descoberta foi publicado na revista científica Proceedings of the Royal Society B.

Vista aérea da Península Peron, na Baía de Tubarão (foto: Angela Rossen)

Segundo a bióloga evolucionista Elizabeth Sinclair, autora sênior do estudo e professora da UWA, o projeto começou quando pesquisadores quiseram descobrir o quão diverso geneticamente era o prado de vegetação marinha da baía e quais plantas deveriam ser coletadas para restauração. “Sempre nos perguntam quantas plantas diferentes crescem no prado de vegetação marinha, e dessa vez usamos ferramentas genéticas para responder.”

A autora principal, Jane Edgeloe, disse que a equipe coletou amostras de diferentes ambientes da baía e gerou uma “impressão digital” utilizando 18 mil marcadores genéticos. “A resposta nos espantou – era uma só! Uma só planta que se expandiu por mais de 180 km na Baía do Tubarão, tornando-a a maior planta da Terra.” A planta gigante, de acordo com o estudo, vem fazendo clones de si mesma por meio de rizomas – um tipo de caule enraizado que cresce horizontalmente, a mesma forma como algumas espécies de grama se espalham, por exemplo – há quatro milênios e meio. E foi justamente por uma estimativa conservadora do crescimento anual desses rizomas que se chegou à estimativa da idade da planta.

Sinclair explicou que o que torna essa planta única – além do tamanho – é ela ter o dobro de cromossomos de suas parentes oceânicas, ou, em termos mais científicos: ela é um clone poliploide. Cromossomos são estruturas formadas por proteínas e DNA, que carregam toda a informação genética do ser vivo. Em organismos com reprodução sexuada, células diploides contêm dois conjunto de cromossomos, cada um vindo de um dos organismos que lhes deram origem (o “pai” e a “mãe”); células haploides, como os gametas, contêm apenas um conjunto de cromossomos, que se combinará com outro no processo de reprodução. As poliploides, como dito acima, contêm mais de dois conjuntos de cromossomos.

“Plantas poliploides frequentemente residem em lugares com condições ambientais extremas, muitas vezes são estéreis, mas podem continuar a crescer se deixadas quietas, e essa planta marinha gigante fez exatamente isso”, contou a pesquisadora. “Mesmo sem floração e produção de semente exitosas, ela parece ser realmente resistente, experimentando uma grande variedade de temperaturas e salinidades e condições extremas de alta luminosidade, o que em conjunto seria tipicamente muito estressante para a maioria das plantas.”

A equipe de pesquisa agora programou uma série de experimentos na Baía de Tubarão para entender como essa planta sobrevive e prospera em condições tão variáveis.

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