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Tá quente. E vai piorar.

Por Luiza Moura

A elevada média global da temperatura do planeta registrada na semana é um dos muitos sinais de que a crise climática já invadiu com força nosso cotidiano, diz colunista

Grandes chuvas, secas prolongadas, ciclones e outros eventos extremos estão se tornando mais e mais comuns (montagem com fotos da Agência Brasil)

 

A semana passada foi a mais quente da história. Nunca, na história do planeta, desde que as medições começaram a ser feitas, a média global de temperatura foi tão alta. Esse é mais um dos muitos sinais de que a crise climática já está entre nós e que os seus efeitos já podem ser sentidos no cotidiano.

A média da terra ficou perto dos 17 graus, o que pode até parecer frio (e tudo bem, eu entendo, eu também uso casaco quando faz 17 graus), mas o que precisamos entender é que isso é a média global do planeta, envolvendo todos os continentes, os polos Ártico e Antártico, todos os países. E tivemos, em conjunto, algo perto dos 17 graus.

O fato é que os chamados “eventos extremos” estão se tornando cada vez mais comuns, menos raros, mais cotidianos. As grandes chuvas, as grandes secas, as ondas de calor, os ciclones são eventos naturais, fato. Mas a ação do homem e a iminência da crise climática, têm tornado esses eventos cada vez mais comuns.

Só nessas últimas semanas, pudemos vivenciar eventos gravíssimos que já passaram a ser noticiados quase que sem a devida importância porque se tornaram “comuns”. Os estados de Alagoas e de Pernambuco, nas últimas semanas, registraram enchentes gravíssimas. Pessoas perderam suas casas, seus pertences, suas histórias e memórias. Até quando? Também nos últimos dias, ouvimos falar sobre o fenômeno climático El Niño, que ocorre irregularmente a intervalos de 2 a 7 anos, com mais frequência na média de 3 a 4 anos. Ainda pouco compreendido, ele traz um aquecimento incomum das águas superficiais e sub-superficiais do Oceano Pacífico Equatorial, e quando  passou pelo mundo em 2015-2016, deixou um grande estrago: inundações, secas, incêndios, temperaturas altas, fim antecipado de safras. Há um plano de contingência? Até quando?

Também, nessa semana, a região Sul do Brasil sofreu com a passagem de um ciclone. Ventos fortíssimos assustaram a população dessa região que também viu, de perto, os impactos desses fenômenos extremos. Eu pergunto, pela terceira vez, até quando?

Até quando os sinais, os alertas, as falas de cientistas e agências especializadas serão ignorados? Quanto tempo nós vamos demorar para tomar as medidas que precisam ser tomadas para que as pessoas parem de perder suas vidas porque os governantes, os países, as agências internacionais estão adotando medidas paliativas, enxugando gelo e deixando de olhar para o que realmente importa?

A juventude ativista socioambiental está avisando há algum tempo também: a resposta não vem dentro desses moldes. É preciso radicalizar as ações: descarbonizar a economia, realizar uma transição energética justa, pensar em outras formas e modelo de se produzir alimentos que não sejam, como diz a ministra Marina Silva, a partir do “Ogronegócio”.

Os eventos climáticos extremos dessas semanas mostram, mais uma vez, que é preciso agir com urgência. O IPCC já avisou, temos uma última chance de salvar o planeta, mas precisamos fazer isso agora. Repensar agora, mudar agora. Porque, caso não façamos isso, vai piorar. E vai piorar muito.

O Brasil precisa, com urgência, de um plano de prevenção para desastres climáticos (VOTEM NO PROJETO DO MMA NO PPA!!!!!!). O mundo precisa, urgentemente, se comprometer a cumprir os acordos que foram feitos, inclusive os tornando mais completos, mais profundos. Não temos tempo para pensar em agir. Precisamos, com urgência, começar a fazer.


Luiza Moura é estudante de relações internacionais na PUC-SP e ativista socioambiental

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