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Russo usa redes neurais para melhorar imagem de filme histórico

A chegada do trem à estação de La Ciotat, dos irmãos Lumière, foi um dos primeiros filmes a ter uma exibição comercial pública, em janeiro de 1896 – não estava na primeira sessão promovida pelos “pais do cinema” em 1895. Reza a lenda que, ao ver o trem se aproximando, parte do público, que não estava habituado ao realismo daquela “fotografia em movimento”, se desesperou, achando que seria atropelada. A despeito da veracidade ou não do caso, o filme sem dúvida tem seu lugar de honra no nascedouro daquela arte que seria tão importante no século seguinte.

E foi por esse valor histórico que o russo Denis Shiryaev escolheu o filme para aumentar a resolução e melhorar a imagem, processo conhecido como upscaling. “É um dos [filmes] mais antigos, por isso decidi que era importante fazer o upscale, para um uso futuro de qualquer um que queira pesquisar ou simplesmente ver”, contou ele, por e-mail, ao Ciência na rua. A partir de um arquivo em 480p, Shiryaev chegou a um vídeo com resolução em 4K.

Para chegar a esse resultado espantoso, o moscovita de 31 anos, que trocou a Rússia pela Polônia porque gosta da Europa e não gosta de inverno, utilizou diferentes redes neurais. Para aumentar a resolução, usou a Gigapixel AI, do Topaz Labs, para aumentar a cadência para 60 quadros por segundo, usou a Dain.

Redes neurais artificiais são sistemas de computação, inspirados nas redes neurais biológicas dos cérebros de animais, desenvolvidos para “aprender” a realizar tarefas a partir de exemplos. Seguindo a técnica de aprendizagem da máquina, ou machine learning, o computador realiza uma tarefa e quem o opera avalia se está está bem feita ou não, para que ele saiba o que fazer da próxima vez.

Uma busca no Youtube por “upscale” ou “ESRGAN” mostra que existe bastante gente fazendo coisas parecidas com jogos e outros filmes. Shiryaev, que trabalha em uma startup russa, não é programador, mas gosta de brincar com algoritmos de inteligência artificial, “só por diversão”.

O russo Denis Shiryaev (arquivo pessoal)

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