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Quando a literatura fala sobre a crise climática

por | 10 dez 2024

Luiza Moura comenta livros de ficção que se relacionam com o aquecimento da atmosfera

imagem: Freepik

Há algumas semanas, ouvi um episódio do podcast Bom dia, fim do mundo, da Agência Pública, em que os apresentadores estavam comentando sobre a FLIP, a Festa Literária Internacional de Paraty, e sobre como a crise climática também vem sendo retratada por escritores e escritoras ao redor do mundo. Esse episódio me fez começar a pensar sobre os livros que tenho lido e sobre quais deles abordam essa temática. Consegui pensar em dois, que li entre 2022 e 2024, e que de forma direta ou indireta falam sobre clima e me impactaram, me fazendo refletir sobre o mundo em que estamos vivendo.

O primeiro foi ‘Além do oceano’ da Maja Lunde, autora norueguesa. A obra mescla passado e presente, conectando histórias ao longo da trama. No tempo passado, uma ativista luta para impedir a construção de uma usina em uma cachoeira, que prejudicaria muito as comunidades locais e afetaria de forma drástica o meio ambiente. Em paralelo, no presente da narrativa, uma grande seca faz com que as pessoas sejam obrigadas a se deslocar em busca de água, buscando melhorias de vida e a chance de sobreviver. Mas esse recurso já está se esgotando e não é mais suficiente para atender todas as pessoas.

Lembro que li esse livro quando estava de férias, na praia. Foi bastante impressionante reconhecer minhas lutas, minhas agonias e meus desesperos nas páginas dele. A literatura me acompanha desde muito pequena, e poder encontrar semelhanças com a vida cotidiana é algo que sempre me deixa feliz e, de certa forma, faz com que eu goste ainda mais de uma obra.

O outro que eu li, na verdade eu ainda estou lendo se chama ‘Água Turva’, da autora brasileira Morgana Kretzmann. Nele, passado e presente também se misturam, contando a história de famílias que estão entrelaçadas e se misturam diretamente com a história do Parque Nacional do Turvo, uma área de proteção na cidade de Dourados que está sendo ameaçada pela construção de uma hidrelétrica.

É interessante ler esse livro em um momento em que, por exemplo, o Brasil está discutindo o Projeto de Lei das usinas eólicas offshore – projeto que na verdade é uma grande porcaria, porque vai incentivar carvão e gás, mas isso é outra história. É também muito bom ler esse livro um pouco antes de o Brasil sediar a COP30, que vai rolar ano que vem, no Pará. Isso porque quando leio esses livros eu tenho a sensação de que não tô lutando sozinha, de que tem mais gente se preocupando com essas questões. Dá ânimo pra continuar batalhando.

Acho que, de forma geral, a crise climática já é tão presente e tão real que não dá mais pra fugir desse assunto. Seja nas nas notícias, seja nos filmes, nos podcasts ou até, como discutimos aqui, na literatura. Espero, de verdade, que falem cada vez mais sobre esses temas, que a crise climática ocupe todas as páginas e que a cultura ajude a conscientizar quem ainda não entendeu o momento que estamos vivendo.

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