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Programa de rádio sintoniza o universo dos games

O mundo dos vídeos games faz uma pausinha na televisão da casa e migra por meia hora para o rádio. Essa é a ideia de Por trás dos controles, programa que vai ao ar a cada 15 dias, sempre às 21h, pela Rádio UFSCar, a emissora da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), no interior paulista.

A atração estreou na segunda-feira, 05 de março já provando que dá sim para falar de vídeo game, de criação de jogos e desse mercado tão novo quanto animado pelas ondas hertzianas. Essa foi a aposta do grupo de desenvolvimento de jogos Fellowship of the Game (FoG), que é ligado ao Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da Universidade de São Paulo (USP), em São Carlos.

A marca do programa que estreou em 5 de março

“A ideia surgiu como uma oportunidade de conversar sobre games com um público mais amplo. Essa conversa seria conduzida por pessoas que estão à frente de diversas iniciativas em games, como alunos do FoG, que desenvolvem jogos, oferecem cursos de extensão e participam na oferta de uma disciplina em jogos digitais. A meta era abordar jogos com uma linguagem facilmente compreendida tanto pela comunidade de jogos, quanto para o público em geral”, explica o professor do ICMC Cláudio Toledo, um dos tutores do FoG.

Ter um podcast, um programa em áudio independente e circulando pela web, era um sonho antigos dos membros do FoG. A possibilidade de um programa de rádio amplificou esse desejo. “Por trás dos controles é um programa feito por gamers, para gamers”, conta o estudante de Sistemas de Informação na USP Gustavo Moura, coordenador do show. “Sempre vamos trazer pelo menos um convidado que se destaca em alguma área relacionada aos jogos para ser entrevistado no programa e levantar um bate-papo bem legal” No segundo bloco, os pesquisadores do Fog fazem a análise de um jogo conhecido do mercado, destacam pontos importantes do desenvolvimento do game, as ideias presentes ali e curiosidades sobre aquele produto. “No episódio 2, por exemplo, falamos de empoderamento feminino. A gente tenta aproximar bastante os ouvintes do mundo dos jogos, tanto para conhecer jogos muito legais que valem a pena, como pra conhecer do mundo de desenvolvimento e quem sabe, até chegar a fazer um minicurso que o FoG oferece”, se anima Moura.

Existe uma ideia corrente que sugere que jovens não ouvem rádio. Pensando que o universo game é constituído principalmente por adolescentes e jovens adultos, talvez seja uma ousadia levar os jogos eletrônicos para um programa de rádio. O coordenador de Por trás do controle rebate essa máxima e explica dois pontos importante. Primeiro, que o intuito dos organizadores é não ficar preso à emissora FM. “A nossa ideia é ir além da rádio, disponibilizando o programa através de outras mídias. Como o formato de podcast é bem interessante e com uma linguagem bem clara e informal acreditamos atingir todo tipo de público, tanto aquele que só gosta de videogame quando aos desenvolvedores mais experientes”. Mais um detalhe: está nos planos evoluir os conteúdos para a criação de um canal no Youtube a partir do segundo semestre. Isso resolveria a questão do público mais jovem.

Além disso, os gamers – ao contrário do que se imagina – não são tão jovens assim. “Teve uma pesquisa da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) muito interessante que disse que a média de idade de gamers em 2016 era de 25 a 34 anos (hoje acreditamos estar até 37 anos). Mas isso não significa que necessariamente todas as pessoas estão nessa faixa. Em algumas exposições que o FoG já participou veio gente bem mais velha que joga. A verdade é, com a inclusão digital, basicamente todas as pessoas tem dispositivos, seja um celular, um tablet, um computador, que suporta dos mais diversos tipos de jogos e com isso mais e mais pessoas começam a jogar todos os anos, de todas as idades”, completa o coordenador do programa.

Somando a isso, os temas tratados na atração – psicologia nos jogos, música, arte, inteligência artificial e pesquisas feitas no Brasil e no exterior – também devem satisfazer gente de todas as faixas etárias.

A turma que pesquisa vídeo games na USP de São Carlos

Falando em pesquisa, esse é um dos objetivos de Por trás dos controles, provar que o universo gamer conversa e faz parte com a produção científica e tecnológica nas universidades brasileiras e estrangeiras. Claudio Toledo defende que o processo de desenvolvimento de jogos envolve diversos temas de pesquisa. “Além de áreas da Computação como, por exemplo, inteligência artificial e engenharia de software, há temas de estudo voltados ao comportamento do jogador, estética visual do jogo, conteúdo musical, desenvolvimento de narrativa. Isso significa que pesquisas em psicologia, artes, música, letras, entre outras áreas podem ser aplicadas ao universo dos games”. Ou seja, a interseção entre desenvolvimento de jogos e essas áreas já aparece em equipes de desenvolvimento de jogos que contam com profissionais de diferentes áreas.

Aqui no Brasil, essa conversa entre as pesquisas em ciência da computação voltadas aos jogos digitais e as outras áreas do saber vêm crescendo lentamente, acredita o Tutor do FoG. Um exemplo é o Simpósio Brasileiro de Jogos e Entretenimento Digital (SBGames), o maior evento acadêmico nessa seara, na América Latina, apoiado pela Sociedade Brasileira de Computação. O SBGames está na 17a edição e acontecerá em em Foz do Iguaçu, de 29 de Outubro a 1 de novembro. Nos Estados Unidos, só para comparar, o diálogo está bem mais avançado, com a criação de disciplinas em cursos de graduação e trabalhos de pós-graduação com temas relacionados aos jogos digitais.

O que não precisa mais de defesa é a constatação de que o mundo dos games vem ganhando espaço e respeito. O mercado mundial cresce, há cada vez mais jogadores e desenvolvedores e os eventos gamers se multiplicam pelo planeta. O programa do FoG na rádio UFSCar joga luz sobre essa realidade. Para ouvir, basta sintonizar na emissora de São Carlos, em 95,3 FM. Fora daquele município, dá para acompanhar pelo site da rádio (www.radio.ufscar.br). Para manter contato, o coordenador do programa da pista para finalizar a fase: “Todos podem nos contatar através do e-mail: fog@icmc.usp.br e ficaremos muito felizes de saber o que nossos ouvintes estão achando do nosso programa e saber o que querem como sugestões de temas”, conclui Gustavo Moura.

 

 

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