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Por um futuro que nos permita sonhar

por | 12 jun 2024

Luiza Moura reflete sobre os possíveis futuros coletivos

imagem: Freepik

Tenho pensado muito sobre o futuro. Tô me formando na faculdade, saindo da fase dos estudos e começando a entender que o mundo é gigantesco. Tenho feito pontes, criado conexões, experimentado possibilidades e tentado lidar com um momento de indefinição muito grande. Sim, indefinição na minha vida pessoal e no meu futuro. Mas também, indefinição no futuro coletivo, da humanidade, que enfrenta hoje um dos maiores desafios já vistos. Talvez se Eric Hobsbawm fosse vivo ele chamaria o nosso tempo histórico de “Era da emergência climática”.

Acho que o medo do futuro é uma realidade na minha geração. A gente não sabe exatamente como o planeta vai estar daqui a cinco, dez, quinze ou cinquenta anos. Os eventos climáticos extremos têm se tornado uma realidade cada vez mais presente. A realidade econômica, social e política do país e do mundo assustam. Temos um planeta em ebulição climática, uma grande onda de extrema-direita ao redor do globo e uma grande dificuldade de ver alguma perspectiva de melhora nessa situação. Nossos líderes mundiais têm falhado em agir contra a emergência climática e em tomar providências concretas para garantir o nosso futuro.

Ao mesmo tempo, tenho pensado muito sobre o que o Ailton Krenak disse na sua palestra, que foi transformada em livro, “O futuro é ancestral”. O futuro não é das máquinas, das construções megalomaníacas, do desenvolvimento predatório e da destruição da natureza. O futuro é coletivo, agroecológico e construído a muitas mãos. Só que para esse futuro se tornar uma possibilidade real, ele precisa começar a ser construído agora. O mundo todo precisa entender e se comprometer a sério com a construção de um futuro diferente e possível.

Se não por mais nada, pelo compromisso com uma juventude que quer ter a oportunidade de sonhar. E de viver em um mundo em que a nossa própria existência não seja ameaçada por fatores que não foram causados por nós. Queremos a oportunidade de viver em um mundo em que possamos ter uma casa, sem medo de perder ela por conta de uma enchente catastrófica. Queremos a garantia de que teremos comida de qualidade no futuro: sem perder tudo para a seca, sem um agronegócio predatório e destrutivo e sem agrotóxicos nos contaminando. Queremos a possibilidade de sonhar com um futuro.

Talvez justamente por querer um futuro, a juventude seja uma das maiores forças na luta contra as mudanças climáticas e esteja se levantando em todos os cantos do planeta para denunciar o descaso das autoridades, das empresas, dos governos e dos políticos. Talvez por esse mesmo motivo a gente veja tantos jovens querendo ocupar os espaços. Porque nós estamos vendo o nosso futuro ser destruído sem os mais velhos agirem para nos ajudar.

Sou de uma geração que quer poder sonhar. Coletivamente e individualmente. E que vai continuar lutando para poder sonhar, poder construir e poder alcançar realidades diferentes da que vivemos hoje em dia.

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