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Para não esquecer. Para não se repetir.

Por Luiza Moura

Estudante de relações internacionais na PUC-SP e ativista socioambiental estreia coluna quinzenal no Ciência na Rua sobre a militância jovem pela preservação do planeta

Nas últimas semanas uma grande campanha tomou conta de noticiários, manifestações, posts e campanhas virtuais. Trata-se da campanha “Sem Anistia” que tomou mais força ainda após os atos golpistas que se deram em Brasília no dia 08 de janeiro.

De acordo com o dicionário Michaelis de Língua Portuguesa, “anistia” é um perdão geral, um esquecimento. Nesse sentido, a campanha é um pedido de ampla parte da sociedade civil que demanda que os crimes cometidos pelo governo de Jair Bolsonaro não sejam anistiados, ou seja, esquecidos e perdoados. E, mais do que isso, é um pedido também de que os responsáveis por tais crimes sejam julgados e punidos de acordo com a lei.

Foi nessa onda de crescente cobrança e pressão que os militantes do Clima de Mudança (CDM) começaram, organizaram e puxaram a campanha #SemAnistiaNaAmazônia. O CDM é um dos muitos movimentos de juventude que lutam contra a iminência da crise climática e que pensam em soluções para o desenvolvimento sustentável.

Focado no público universitário, seus militantes já fizeram e participaram de diversas e diferentes ações, como as greves globais pelo clima e a campanha que pressionou o presidente Lula para que nomeasse Marina Silva como ministra do Meio Ambiente. Mais recentemente, além de criar a campanha que cobra responsabilização pelos crimes ambientais cometidos no bioma amazônico, o grupo vem buscando popularizar e divulgar um Novo Acordo Verde escrito pelos militantes do CDM (e se ficou curioso, fica de olho no Ciência na Rua porque logo logo tem texto sobre isso)

Mas aí, você leitor, deve estar se perguntando qual a importância e qual é o objetivo de o Clima de Mudança fazer uma campanha quase solo para a Amazônia, focada especificamente nos crimes cometidos por lá. Bom, a resposta está em todo o processo de destruição que se deu neste bioma nos últimos quatro anos, ou seja, no governo de Jair Bolsonaro.

Não são poucos os casos de crimes e ilegalidades cometidos por lá. Os assassinatos de Dom e Bruno, assim como de Paulo Paulino Guajajara e Ari-Uru-Eu-Wau-Wau são alguns dos casos que permanecem sem solução até hoje. Além disso, os níveis de desmatamento aumentaram absurdamente devido a conflitos com grileiros e madeireiros, além dos conflitos com o agronegócio.

Ah!  E vale lembrar que esses crimes foram, certamente, influenciados e incentivados por falas e atos do ex-governo. Lembram do discurso do ministro Ricardo Salles dizendo que era pra “passar a boiada” na Amazônia? E o discurso de Bolsonaro, na Hebraica do Rio de Janeiro, dizendo que no governo dele não teria um centímetro de terra demarcado para povos indígenas e quilombolas? Pois é. Prometeu e cumpriu.

Além disso, há um último aspecto que precisa ser relembrado e que reforça a importância da campanha puxada pelos jovens do Clima de Mudança. O Brasil sempre foi visto como pioneiro e exemplo na luta climática e ambiental. Com referenciais mundiais sobre o tema – como Marina Silva e Chico Mendes – o país viveu, nos últimos quatro anos, um verdadeiro retrocesso que manchou a imagem do país e o tornou um pária nesse assunto. Isso, sem contar que a crise climática é um assunto global, que só será resolvido com cooperação ativa de todos os envolvidos.

Dessa forma, a campanha do CDM se mostra extremamente atual e necessária. Punir os criminosos da Amazônia é uma forma de começar a reconstrução do bioma, de – como diz a ministra Marina Silva – liderar pelo exemplo. É uma forma, também, de se criar memória coletiva sobre o verdadeiro ecocídio que se deu no país durante os anos do governo Bolsonaro. Os ativistas já deram o recado: não haverá descanso e ninguém vai parar de cobrar respostas e justiça pelo que se deu nos últimos tempos.

Para acompanhar e ajudar na campanha, basta seguir o Clima de Mudança no instagram (@climademudanca_br) e ficar de olho nos conteúdos e posts que eles fazem por lá.

Para que não se esqueça. Para que não se repita. Sem perdão para quem destrói e ameaça a vida. Justiça pela Amazônia.


 

 

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