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Marte pode ser ainda um planeta vivo
Exploração espacial

por | 26 jul 2018

Uma equipe de pesquisadores liderada pelo astrônomo italiano Roberto Orosei, da Universidade de Bolonha e da Agência Espacial Italiana, detectou a  existência de um lago subterrâneo próximo ao pólo sul de Marte, embaixo de uma camada de 1,5 km de gelo. A descoberta é um marco da exploração espacial. “Até há poucos anos, a gente considerava Marte como o planeta do Sistema Solar que era o lugar mais provável de encontrarmos fósseis de vida extraterrestre, e as luas Europa e Encelado, os lugares onde poderiamos encontrar vida atual, vivente (por terem grandes oceanos líquidos). Marte era considerado um deserto frio e seco. Com o desenvolvimento tecnológico, foi-se descobrindo primeiro água na forma de gelo no sub-solo, depois filetes de água intermitente na superfície e, agora, um grande lago de água permanentemente líquida na superfície, sob a calota de gelo”, explica o astrobiólogo Douglas Galante, do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron, um dos mais respeitados pesquisadores brasileiros em surgimento da vida em condições extremas.

A equipe de Orosei utilizou dados do Marsis (Radar avançado de sondagem para subsuperfície e ionosfera de Marte, na sigla em inglês) coletados entre 2012 e 2015. Esse equipamento envia pulsos de radar que penetram a superfície e as camadas de gelo do planeta, mede como essas ondas de rádio se propagam e devolve a informação aos pesquisadores da missão Mars Express, sonda lançada em 2003 pela Agência Espacial Europeia e pela Agência Espacial Italiana. Com essas informações, é possível determinar a composição do que está abaixo da superfície. Uma reiterada alteração de sinal em um dos pontos era muito parecida à que ocorre sob as calotas de gelo do Ártico e da Antártida, indicando a presença do lago.

Segundo Galante, “ter água líquida em grande quantidade mostra que Marte pode ser, ainda hoje, um planeta vivo, e que microrganismos podem estar ainda presentes e vivos no planeta. Isso nos estimula a continuar as pesquisas para procurar não apenas fósseis, mas também microorganismo atuais no planeta, e, para isso, algumas das estratégias de busca de vida baseadas nas sondas no planeta terão que ser revistas”.

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