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Especulações divertidas sobre o Patagotitan mayorum

por Thaciana de Sousa Santos

Colunista fala de pensamentos aleatórios suscitados pela réplica do maior dinossauro do mundo em exposição no Ibirapuera

Voltei, mas hoje é sem história triste (não vou falar sobre os malabarismos que estou fazendo para lidar com a faculdade. Como já disse uma vez, eu ainda não chorei por desespero, mas estou quase nesse momento).

No último feriado, eu fui ao Parque Ibirapuera. Estava com a minha mãe, meu irmão e a minha amiga, Carina, da faculdade. Fomos em uma exposição de dinossauros Patagotitan e, olha, nos assustamos com os tamanhos e riqueza de detalhes.

O mayorum é realmente imenso, imenso mesmo. Quase não conseguimos tirar uma foto, porque não cabia no enquadramento, ainda bem que alguém inventou o modo panorama, porque só assim conseguimos. O Patagotitan mayorum tinha, aproximadamente, 38 metros. Nem nos meus sonhos eu conseguiria imaginar algo assim.

Fiquei pensando se ele sofria algum tipo de bullying dos outros dinossauros. Imagino que ele fosse um pouco desengonçado, talvez se sentisse um pouco excluído se ia para a escola, não é algo absurdo já que existe creche para cachorros. Eu sei que é bem improvável, mas acho engraçado pensar que eles tinham as suas piadinhas ou a mãe brigando porque fizeram alguma besteira.

É uma nova perspectiva que me vem da exposição, mudou a maneira como eu via o mundo e todos nós. Claro que não espero um fim trágico para ninguém. Mas com tanta coisa que vemos por aí, é difícil pensar que a humanidade estará aqui até o fim do mundo. Eu sei que é bizarro isso e soa meio que uma profecia, mas não é: o Sol vai nos engolir um dia, mas isso vai demorar muito, e não estaremos mais aqui. Eu sei que é medonho, só que é a verdade. A humanidade vai estar extinta, mas eu não sei o motivo. Talvez guerras, fome, doença, não sei.

Tínhamos todas as oportunidades para fazer diferente, é por isso que se ensina história nas escolas. Mas o ser humano sempre quer ser detentor de poder. Sempre tem que ter alguém tomando a frente de tudo, ditando algo como se fosse uma verdade absoluta, incontestável.

Estar lá, olhando para uma parte do passado, é indescritível. Somos tão pequenos comparados a eles…  é verdade que tinha alguns bem pequenos, um pouco maior que uma galinha. O esqueleto é uma gracinha, fofo demais.

Hoje, só temos resquícios desse passado, e se no futuro for assim também? Se nós formos resquícios do tempo em que vivemos? Isso exige uma análise profunda, eu sei. Mas talvez seja a verdade. Não somos eternos e a vida evolui, eu não sei o que o futuro guarda. Eu espero descobrir um dia.

Os dinossauros não estarem aqui hoje, é melhor para todos? Como viveríamos se estivessem aqui? Haveria tanta necessidade de estudá-los ou nos acostumaríamos com a presença? Eu tenho tantas perguntas sobre um presente hipotético que seria, com certeza, desconfortável para eles.

Antes de nós, viviam por aí, passeando tranquilos, perseguindo quem queriam e se fosse hoje, não poderiam. Alguém lhes tiraria esse direito. Teriam que viver em lugares determinados, com limites. Eu não imagino se aguentariam, já que são animais da natureza, eu não suportaria viver assim.

Visitar a exposição é uma visita ao que não tivemos oportunidade de ver, de entender como somos pequenos e não somos exclusivamente especiais. É pensar em como cuidamos dos animais, e dar uma espiada no futuro. Imagina se um dia existir exposições assim para cachorros ou gatos? Daqui a uns dias pode existir para a onça-pintada, lobo-guará.

O passado nos ensina constantemente. E é por isso que eu recomendo que vão à exposição e pensem no que falei aqui, não apenas para apreciar algo magnífico, mas para mudar o rumo do futuro.


Thaciana de Sousa Santos, a Tatá, é estudante de graduação do Instituto de Física da Universidade de São Paulo e escreve semanalmente para o Ciência na Rua

 

 

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