A um ano e meio de concluir a graduação, Tatá observa preocupada o cenário do mestrado

ilustração: @paozinho_celestial
Bom dia, boa tarde ou boa noite para você que está iniciando mais uma leitura de meus textos que, às vezes, não tem nem pé nem cabeça. Talvez, mas apenas talvez, às vezes eu seja meio desconexa em assuntos. Nem sempre consigo acompanhar uma linha de raciocínio, mas, mesmo assim, vocês ainda estão aqui.
Para hoje, eu imaginei que fosse demorar mais para vir aqui comentar, ou talvez eu teria desistido há tempos e não teria necessidade de comentar.
Ao mesmo tempo que já cheguei tão longe no curso, parece que ainda falta tanto, mas realmente só parece. Tem dias que eu acordo esperando que o sentido literal da frase “vai passar num piscar de olhos” seja verdade. Pisco algumas vezes aguardando esse milagre, mas isso não acontece.
Obviamente eu tenho muitas preocupações, como terminar a faculdade, mas algo que anda me assolando nos últimos dias é o mestrado. Ainda tenho um ano e meio até terminar o curso, mas também tenho apenas um ano e meio para me preparar para o mestrado.
E com toda essa preocupação de fazer um mestrado eu percebi o quanto a pós-graduação é desvalorizada. O quanto nós, erroneamente, tratamos a especialização como um simples estudo, como se fossem simples estudantes.
Há uma falha quando enxergamos assim. A pesquisa é um trabalho, estar inserido no meio acadêmico é um trabalho como qualquer outro e deve ser valorizado e remunerado.
Há alunos com dificuldades de conseguir bolsas para continuar seus estudos. A pós graduação não deveria ser tratada com tanto desdém como é. A famosa pergunta daqueles que não entendem como a academia funciona — “mas você SÓ estuda?” — é dolorosa.
Já imaginou como seriam nossas vidas se não houvesse pessoas que “só” estudassem? Se os estudos dos outros facilitam tanto a nossa vida, por que tratamos com tanto desdém?
Por que o estudo não deveria ser remunerado igual a qualquer outro trabalho? Pessoas que decidem seguir por esse caminho precisam se manter.
Se esperam 100% da nossa dedicação a pesquisas, por que não nos valorizarem de forma justa? Como o pobre vencerá através dos estudos se a sociedade não apoia?
Esse é um dos motivos por que pouquíssimos conseguem seguir tal caminho. O desespero das contas e a fome que dói a barriga nos empurram a seguir para o mercado de trabalho após a graduação.
Há profissões que desvalorizamos tanto, como a de professor, como se o ato de lecionar fosse vergonha, mas o que mais ouvimos aqui é: “escolhi a licenciatura pra não morrer de fome”. Então será que essa é realmente a profissão que é desvalorizada?
A educação, em seu amplo sentido, precisa ser melhorada. Não podemos pedir apenas por melhorias no ensino básico. O ensino superior carece de atenção e recursos.
Eu não sei se conseguiremos ter respostas para todas as perguntas feitas, mas elas precisavam ser feitas. E, realmente, entrar na faculdade é fácil, o difícil é continuar.