foto: Bao-Jie Du et al
Um inseto com antenas gigantes e de formato inusitado foi descoberto preservado em âmbar em Myanmar, informa a revista inglesa NewScientist. O animal, denominado Magnusantenna wuae, é do período cretáceo (entre 145 e 65 milhões de anos atrás) e pertencia à família Coreidae, da qual fazem parte algumas espécies de percevejo. Estima-se que o espécime encontrado, um animal jovem, seja de 99 milhões de anos atrás.
Não se sabe ao certo qual era a vantagem adaptativa das antenas estranhas, tão longas quanto o corpo do inseto e quatro vezes mais largas que sua cabeça. O grupo de pesquisadores liderado por Bao-Jie Du, da Universidade Nankai, na China, acredita que as antenas pudessem ter função de chamar a atenção para acasalamento ou de enganar predadores, que as atacariam, em vez de atacar o corpo do inseto. Du acredita ainda que o tamanho das antenas poderia atrapalhar a mobilidade do inseto, o que explicaria por que não se vê formações similares em seus descendentes modernos.
As grandes antenas – foto: Bao-Jie Du et al
Max Barclay, do Museu de História Natural de Londres, vê como improvável a função reprodutiva das antenas, por já parecerem muito desenvolvidas em um espécime jovem. Ele acredita que elas tinham a função de mimetizar folhas, e que o inseto “se disfarçaria” de galho, para enganar predadores. Ele também discorda dos chineses em relação à desvantagem trazida pelo tamanho das antenas, alegando que características como essa podem se tornar disfuncionais conforme o ambiente muda – por exemplo, a galhada gigante de alces irlandeses, que se tornaram um problema quando, 8 mil anos atrás, o clima esquentou, propiciando o crescimento de florestas mais densas. “Não acredito que a evolução produza, ao longo de milhares de gerações, estruturas prejudiciais”, declarou à NewScientist.
O artigo sobre o inseto pode ser encontrado no site bioRxiv, DOI: 10.1101/2020.02.11.942920v1
