Começa nesta terça-feira, 13 de março, e vai até o dia 15 de março a 16ª Edição da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (FEBRACE). Como nos anos anteriores, a feira fica sediada na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), na capital paulista.
Este ano, 346 projetos desenvolvidos por estudantes de ensinos fundamental, médio e técnico de escolas públicas e particulares do Brasil todo estarão nos estandes do evento. As equipes e os projetos chegaram ali depois de concorrer com 2.250 outras pesquisas.
Os melhores trabalhos ganham troféus, medalhas, bolsas e estágios. São 300 prêmios. O mais esperado é uma vaga para representar o Brasil na Feira Internacional de Ciências e Engenharia da Intel (Intel ISEF), que será realizada em maio, em Pittsburgh, Pennsylvania, nos EUA.
A engenheira Roseli de Deus Lopes, professora da Poli-USP, é a coordenadora da Febrace há vários anos. Para a edição de 2018, ela destaca o crescimento da participação de estudantes de cidades que historicamente participam menos do encontro. “A gente presa quantidade e qualidade. Queremos que cada vez mais escolas que nunca estiveram na Febrace venham e participem. A ideia é que a diversidade do Brasil esteja representada, para dar voz e vez aos estudantes do país todo”, explica.
A Febrace não é apenas a maior mostra brasileira de projetos pré-universitários em ciências e engenharia é, antes disso, o palco para que alunos e alunas, das mais diversas origem, mostrem que são capazes de pensar e desenvolver soluções para problemas diversos usando metodologia e conhecimento científico ou tecnológico. “Nossa vocação é despertar vocações científicas e tecnológicas. Quando os meninos e meninas descobrem que usando os métodos de pesquisa podem propor soluções para problemas que eles vêem no mundo, abraçam esse caminho com muita força e rompem barreiras geográficas e sociais para apresentar suas ideias”, comemora Roseli. Ser capaz de analisar fatos, tomar decisões e fazer escolhas através do método científico é, segundo a coordenadora da Febrace, um direito. “É um caminho para a construção da cidadania, do cidadão que entende os problemas e desenvolve as soluções”.
Por isso mesmo, os projetos apresentados na Feira são um bom termômetro do que pensam os alunos. Chama a atenção a quantidade de ideias relacionadas ao meio ambiente e à sustentabilidade. É o caso dos estudantes da escola Alceu Maynard Araújo, que fica perto de uma refinaria em São José dos Campos (SP). Os garotos desenvolverem um robô de baixo custo que mede a quantidade de alguns gases poluentes no ambiente, como monóxido de carbono, butano e metano.
Não para por aí. Os alunos de São José dos Campos ainda criaram um aplicativo para celular que recebe os dados enviados pelos sensores do robô. O app calcula e aponta se os níveis de poluente registrados estão acima do recomendado.
Ainda na linha dos robôs que cuidam do meio ambiente, os alunos da Escola Estadual Monteiro Lobato, de Sertanópolis (PR), inventaram um droide que se move para dar apoiar equipes de resgate de vítimas em locais de risco, como em incêndios e desabamentos, por exemplo. Com sensores ultrassônicos de distância, o robô paranaense mapeia obstáculos e identifica vestígios de fumaça e fogo.
Os dados são captados por uma câmera com infravermelho e rotação de 360°, com transmissão para uma central de monitoramento. Tudo foi feito com materiais reciclados e de baixo custo para sua construção.
Questões de saúde, próximas ou distante da vida dos adolescentes também aparecem bem na lista dos projetos da Febrace. Uma equipe desenvolveu, por exemplo, talheres para quem tem doença de Parkinson. A ideia foi dos alunos do Senai Celso Charuri, de Guarulhos (SP), que criaram um equipamento que minimiza os movimentos involuntários e as tremedeiras que a condição provoca. Além de garantir uma alimentação mais saudável e completa, o talher devolve a autonomia a autoestima de quem sofre com o Parkinson.
Enquanto isso, estudantes da Fundação Escola Técnica Liberato Salzano Vieira da Cunha, de Novo Hamburgo (RS) produziram um guia high tech para deficientes visuais. Chamado de Auxílio 3Di, o equipamento possui óculos com sensores de obstáculos e GPS para facilitar a locomoção dos cegos. O maquinário calcula a distância da pessoa em relação aos obstáculos e emite vibrações que aumentam de intensidade conforme ela se aproxima do objeto.
É essa busca pela cidadania e pela resolução de problemas usando os métodos da ciência e da tecnologia a que Roseli de Deus Lopes se refere ali acima.