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Astronomia e outras ciências na cultura

por Thaciana de Sousa Santos

Contra terraplanismo e negacionismos, é preciso espalhar noções científicas básicas para toda a população, diz jovem colunista

Oi gente, voltei! Com um pouquinho de atraso, mas voltei. Comentei com vocês sobre o OrumBya, um projeto do qual estou participando e que visa incentivar meninas e mulheres negras e indígenas a participarem da ciência.

Acabei perdendo o terceiro encontro. Tentei ir atrás do material da aula, consegui, de certa forma, mas, infelizmente, não tinha slide dessa aula.

O conteúdo abordava a astronomia nas diferentes culturas e, estimulada por isso, resolvi falar sobre a necessidade que vejo de se espalhar noções científicas básicas para toda a população, de todos os lugares, principalmente daqueles onde não há valorização da ciência.

Por exemplo: um movimento que sabemos que vem crescendo é o terraplanismo. Não sei como em pleno século XXI há quem acredite que a Terra é plana e tente a todo custo provar isso. Eu não sei quem que teve essa ideia brilhante (contém ironia); então essa Terra plana faz seus movimentos de translação e rotação e fica parecendo um disco?

Eu sei que no ensino fundamental eram ensinadas questões básicas de astronomia, não explicadas como achados de uma ciência exata, mas como parte da geografia. Os movimentos da terra, também solstício e equinócio, fases da lua, uma visão inicial de eclipse, estavam lá. No ensino médio, eclipse já era abordada com ferramentas matemáticas – aproveitando a deixa, em 8 de novembro teremos o último eclipse lunar do ano, não deixem de observar!

Não sei se tudo isso continua a ser ensinado nas escolas, acredito que sim. Mas mesmo que não fosse, o acesso à informação hoje está tão fácil, que é só pesquisar na internet para entender por que a Terra não é plana.

Sim, sei que tem muita gente relutante, que acha que a ciência só quer nos manipular ou coisa do tipo. Como no movimento antivacina, que avança porque tem gente que acha que se vacinar os filhos eles podem desenvolver autismo ou a síndrome de Down. Mas o fato mesmo é que doenças como poliomielite e sarampo estão voltando por causa do negacionismo.

Falas do atual presidente em tempos de coronavírus demonstram como o a falta de informação é difícil de ser combatida. Como assim alguém que nem formação na área da saúde tem ficou receitando cloroquina para a população? E dizendo que a covid era apenas uma “gripezinha”? Uma cultura que não pode ganhar força é essa, a da desinformação.

Não importa apenas entender a adesão das culturas à astronomia, mas sim entender a ciência como parte da cultura. E não falo apenas das ciências exatas não, viu? A ciência política, as ciências sociais, humanas, e as que mais tiver por aí. É necessário combater os movimentos negacionistas que afetam todos nós, como um povo.

É claro que não podemos usar força bruta para convencer alguém de algo. É necessário amor, sabedoria, paciência e fatos. É preciso voltar com as campanhas de vacinação a todo vapor, com o ensino de astronomia desde a infância (em casa mesmo), é preciso ensinar história de uma forma mais didática para todos, para que no futuro, não haja pessoas nas ruas pedindo intervenção militar porque não aceitam os resultados das urnas.

Para o governo do povo, é necessário que o povo tenha acesso a educação de qualidade.


Thaciana de Sousa Santos, a Tatá, é estudante de graduação do Instituto de Física da Universidade de São Paulo e escreve semanalmente para o Ciência na Rua

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