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A física dos crimes

por | 16 ago 2024

Tatá está considerando prestar concurso para perita criminal

ilustração: @paozinho_celestial

Já devem estar cansados de saber que a área que eu sonhei pra minha vida é a astrofísica e de como cresci querendo trabalhar na Nasa, mas me abri para outras experiências.

No momento, estou cogitando fazer um concurso público para me tornar perita criminal. Eu sei, choquei vocês com essa informação. E se vocês não sabem o que nós, físicos, podemos fazer como perito criminal, senta, que lá vêm as informações.

Mas antes, vou compartilhar o porquê de estar cogitando tal possibilidade. Amo astronomia e ainda quero trabalhar na área, mas o meio acadêmico me desanima um pouco (bastante, na verdade). Terei que sempre ficar recorrendo a bolsas de pesquisa e, querendo ou não, passar o resto da vida estudando e pesquisando.

Pensando mais à frente, daqui uns 20 ou 30 anos, talvez tenha que me associar à alguma universidade para ter financiamento da minha pesquisa. E entraria na situação de ter que me tornar professora. E tudo me parece muito desgastante.

Já são longos anos de caminhada e, hoje, não acho que tenha algo errado em querer uma vida mais estável e relativamente tranquila.

Agora que já contei as minhas ressalvas sobre o mundo acadêmico, vou continuar a história sobre o físico e a perícia criminal, que provavelmente causou algum tipo de estranhamento.

O físico que se torna perito criminal não lida com os mortos, como o biomédico ou o médico legal mesmo. Tratamos realmente do aspecto físico da coisa. Vamos lá: um casal está em casa e os vizinhos escutam disparos de tiros e chamam a polícia. Chegando lá, encontramos o marido morto e a casa toda revirada, parecendo um roubo. Estamos investigando uma situação de assassinato, né? Ou ainda um latrocínio. Conversando com os vizinhos, descobrimos que o casal brigava demais, o marido batia na esposa e por fim, ninguém viu nada sobre assalto e nem ladrões.

Eu, como física e perita criminal, iria investigar as circunstâncias da morte. Enviaria o projétil para a balística para descobrir de que arma ele foi disparado, se a arma está registrada, se já está associada a algum outro crime, depois calcularia a força com que o projétil acertou o marido e a que distância a arma estava dele. Com a informação sobre as brigas do casal, veria se a esposa tem resíduos de pólvora nas mãos e corpo e analisaria a cena do crime para saber se algo realmente foi roubado, a forma como foi feita a bagunça. Juntando todas as informações, saberíamos se foi um caso dde violência doméstica ou um roubo que resultou em morte.

O físico perito pode trabalhar com acidentes de trânsito também. Calcular, por exemplo, quais as velocidades dos automóveis antes de uma colisão, daí deduzir a força com que colidiram e como os corpos se ddeslocaram após a batida.

Uma situação muito recente que um físico perito provavelmente atuou foi na queda de um avião da VoePass em Vinhedo nesse mês. Para determinar qual foi o motivo da queda, o especialista tem que analisar toda a estrutura do avião (projeto) e como cada pequena parte funciona. Como existe vídeo, é mais fácil calcular a força com que o avião atingiu o solo, do impacto que todos sofreram e também a velocidade da queda.

A busca por respostas é longa, há análise da velocidade do vento e a resistência que fazia no avião, que tipos de manutenção foram realizados etc. Provavelmente olham até se já tinha algum tipo de reclamação sobre o avião em si naqueles sites de reclamações. Tudo isso para descobrir a origem.

A perícia criminal me agrada bastante e acho que é uma oportunidade para tentar. É óbvio que estou tendo uma crise de identidade, o que me deixa mais aberta a novos caminhos.

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