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Homo sapiens pode ter vivido na Europa muito antes do que pensávamos

com informações da NewScientist e do El País
imagem da home: Tkgd2007 – CC BY-SA 3.0

 

A nova datação de um crânio encontrado nos anos 1970 em uma caverna no sul da Grécia pode alterar significativamente o que sabemos sobre a dispersão de nossa espécie para fora da África. Esse crânio havia sido achado junto a outro, na caverna de Apidima, e se acreditava que ambos eram de neandertais. Artigo publicado na revista Nature, na última quarta-feira, aponta que um deles, porém, seria de um Homo sapiens e, mais importante, tem 210 mil anos.”Isso o torna mais antigo do que qualquer outro espécime aceito de Homo sapiens fora da África”, explicou à revista NewScientist a pesquisadora Katerina Harvati, da Universidade de Tubingen, na Alemanha, principal autora do artigo.

A teoria mais aceita entre paleoantropólogos, de que o homo sapiens surgiu na África há cerca de 200 mil anos e que todos os seus descendentes não-africanos vêm de uma linhagem que saiu daquele continete há 60 mil anos, vem sendo desafiada por novos achados, como fósseis datados de 315 mil anos encontrados no Marrocos e uma mandíbula de 177 mil anos encontrada em Israel. A nova datação do fóssil de Apidima traz mais dúvida para esse cenário.

A pesquisa liderada por Harvati começou com uma tomografia computadorizada dos dois crânios, em que se concluiu que um era de fato de neandertal, mas o outro seria de Homo sapiens. Daí seguiu-se o processo de datação, pelo método urânio-tório, que estima a idade dos fósseis pelo decaimento dos elementos radioativos. Verificou-se que o crânio de neandertal tem 170 mil anos, e o de homo sapiens, 210 mil anos.

O tema, no entanto, é polêmico. Chris Stringer, pesquisador do Museu de História Natural de Londres e co-autor do estudo, contou ao jornal espanhol El País que, quando enviaram o artigo para a Nature, “os revisores se mostraram muito céticos de que um fóssil de humano moderno tivesse sido encontrado ao lado de um fóssil de neandertal”. Foram necessárias mais análises comparativas e datações de urânio para convencê-los. Também ao El País, o paleoantropólogo Juan Luís Arsuaga, da Fundação Atapuerca, afirmou: “Que dois crânios encontrados a poucos centímetros um do outro sejam de duas espécies diferentes separadas por mais de 40 mil anos é coisa de romance de ficção. Não acredito nos novos dados e vamos contestar esse estudo”. Outro especialista consultado pelo jornal espanhol, Warren Sharp, do Centro de Geocronologia de Berkeley, nos EUA, questionou a datação do crânio que seria de homo sapiens, “As diferentes datações individuais obtidas para esse fóssil divergem de 335 mil anos atrás a 142 mil anos atrás, o que sugere que o fóssil perdeu parte do urânio que tinha originalmente”.

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