Luiza comenta o encontro que reuniu representantes dos oito países da OTCA

ilustração: Kairo Rudáh
Na semana passada, aconteceu em Bogotá a cúpula dos países que integram a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA). Fazem parte desse tratado Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Suriname, Peru e Venezuela. O encontro, que reuniu líderes dessas nações, serviu para pensar em propostas para a situação da Amazônia em nível global. Além disso, o presidente Lula utilizou o encontro para buscar apoios para a realização da COP30 em Belém, que vem sendo criticada pela falta de organização e pelos altos preços, principalmente nas hospedagens (já tem texto sobre isso aqui no site!).
A Organização do Tratado de Cooperação Amazônica surgiu em 1995, quando os oito países signatários do Tratado de Cooperação Amazônica decidiram criar uma organização em torno dele. Um fato curioso sobre essa organização é que, ao contrário de outros grupos, a OTCA não se reúne periodicamente, com encontros fixos. As cúpulas, reuniões e seminários acontecem quando os países entendem que existem assuntos relevantes para ser discutidos.
Mas é importante dizer que, apesar de ser extremamente relevante, a Cúpula dos Países Amazônicos foi bastante esvaziada esse ano. Mesmo sendo o ano em que teremos uma Conferência das Partes na América do Sul e, mais especificamente, na Amazônia, os chefes de Estado presentes foram somente os presidentes do Brasil e da Colômbia e também a vice-presidenta do Equador. Outros países enviaram representantes e diplomatas.
Acho curioso que essa não seja uma das atividades diplomáticas mais valorizadas do por esses países, considerando que clima e meio ambiente têm sido o assunto do momento. A realização da COP no Brasil abriria a possibilidade de esses países se destacarem como protagonistas da pauta socioambiental e climática. Porém, mais uma vez, chefes de Estado decidiram que as cúpulas ambientais não eram uma agenda prioritária.
Apesar desse esvaziamento, a Cúpula aconteceu e, em sua declaração final, os países presentes destacaram que é importante que a região amazônica fique “livre de ameaças, agressões e medidas unilaterais, inclusive as coercitivas”, o que pode ser entendido como um claro recado para os Estados Unidos, que tem tentado interferir na região por meio das tarifas aplicadas ao Brasil e da aproximação de navios de guerra da costa da Venezuela, por exemplo. Além disso, os países da OTCA destacaram a importância da cooperação e da colaboração para proteger a Amazônia em todos os seus territórios.
Por fim, vale dizer ainda que os países presentes na Cúpula também decidiram apoiar o Fundo Florestas Tropicais para Sempre, uma iniciativa do Brasil que deve ser lançada na COP30 e pretende, como o próprio nome diz, criar um fundo financeiro para ajudar a garantir a proteção das florestas tropicais, como a Amazônia.
Assim, o que podemos dizer é que, mesmo esvaziada e sem a presença de todos os líderes que deveriam ter comparecido, a Cúpula da OTCA cumpriu um papel importante para a formulação da agenda a ser defendida por esses países nos próximos meses. Imaginem só o que poderia ter sido feito se todos os países tivessem comparecido.






