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Vacine a população nesse jogo desenvolvido na USP

Com informações do Jornal da USP

Versão beta para computador está disponível para jogar online, versão para Android está sob análise na Play Store

Ao som de uma engraçada versão dance da Bachianinha nº 1, de Paulinho Nogueira [corrigido em 22 de março], armada de uma enorme seringa, Maria Gotinha vai de um lado para o outro (com os direcionais do teclado), aponta (com o mouse) e atira (com o botão esquerdo do mouse), tentando acertar as pessoas que andam de um lado pro outro antes que os coronavírus as atinjam. A versão para Android está sob análise da Play Store.

Um pouco depois que nossa heroína acerta o primeiro disparo, forma-se uma camada de proteção ao redor da pessoa, capaz de rebater o vírus – a demora é baseada no que acontece na vida real, em que o sistema imunológico leva uns dias para responder à vacina. Mas Maria Gotinha deve acertá-la ainda outra vez, assim forma-se uma camada de proteção mais forte, que elimina o vírus quando ele a atinge. Se o vírus atingir a pessoa desprotegida, ela desaparece, e o vírus se multiplica, podendo até surgir uma nova linhagem. Há ainda aglomerações, que devem ser atingidas três vezes para criarem a primeira camada de proteção.

São quatro, as linhagens do vírus no jogo (seria bem mais fácil se houvesse um limite na vida real também). O amarelo se torna dois vírus quando atinge alguém. O rosa é um pouco mais rápido do que o amarelo. O vermelho é mais rápido que o rosa e se torna três vírus ao atingir alguém. O verde é o pior de todos, embora seja lento: ele se torna dois vírus verdes ao atingir alguém e tem 50% de chance de infectar as pessoas vacinadas.

Há ainda itens. As fake news podem ser pegas apenas por pessoas não vacinadas, que ficam mais rápidas. As máscaras, também exclusivas aos não vacinados, as tornam mais lentas (e portanto alvos fáceis para nossa artilheira da vacina). A ciência, representada por um frasco – um erlenmeyer, como dizem os cientistas – com uma substância verde, torna Maria mais rápida no gatilho, ou no êmbolo (diminui pela metade o tempo entre os tiros). A seringa dobra a velocidade do tiro.

Nem todo mundo precisa estar vacinado para você passar de fase, basta que se atinja a famosa imunidade coletiva.

Este é o VACC, jogo idealizado por Helder Nakaya, professor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador do Laboratório de Bioinformática e Biologia de Sistemas Computacional, com outros membros da campanha Todos pelas Vacinas, e apoio do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Vacinas, do Núcleo de Apoio à Pesquisa em Vacinas da USP e da Universidade Federal do Paraná.

“Eu sempre achei que um modo de ensinar de forma divertida poderia ser através de jogos. Porque a informação de qualidade já existe na internet, o problema é fazer as pessoas acessarem e se interessarem por isso. Neste momento, algumas escolas estão abrindo para aulas presenciais, então se a gente conseguir alcançar jovens e crianças será importante. O jogo e todo o resto é para pedir à população que fique do lado da vacina; a importância da máscara e do isolamento social (mesmo com as vacinas por aí); a imunidade de rebanho; as variantes virais que surgem em epidemias e como elas podem escapar da proteção da vacina; e até o perigo em se acreditar em fake news. Tudo isso o jogador irá aprender sem nem perceber”, contou Nakaya ao Jornal da USP.

Além de divertir e ensinar sobre vacinas, o jogo visa a levar os participantes até o LEVACC, um projeto do Ministério da Saúde para digitalizar as cadernetas de vacinação da população e, dessa forma, poder usar os dados que elas contêm, para facilitar o trabalho de agentes de saúde e dar suporte ao estado no combate a epidemias.

Ao Jornal da USP, Nakaya explicou: “Quantas pessoas estão protegidas do sarampo, aqui em São Paulo? O governo não tem como saber isso, porque essa informação está nas gavetas dos lares brasileiros. É necessário digitalizar essas cadernetas para saber qual é a cobertura vacinal, por exemplo. No aplicativo que estamos desenvolvendo, você bate a foto da caderneta e automaticamente ele detecta quais vacinas foram dadas, e armazena isso em um banco de dados”.

Para jogar o VACC, acesse: https://levacc.csbiology.org/vacc.

Para digitalizar sua caderneta de vacinação, visite https://levacc.csbiology.org/.

Para mais informações, levacc@usp.br.

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