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Um pacto ambientalista para as cidades

por | 23 jul 2024

Luiza Moura defende a centralidade do tema ambiental para as eleições municipais

imagem: Freepik

Estamos em ano eleitoral, acho que todos vocês já sabem disso. Em outubro, daqui a alguns meses, milhares de brasileiros vão sair de suas casas para votar em prefeitos e vereadores que os representem. Muitos são os temas e os tópicos que devem ser considerados na hora de escolher e decidir o seu candidato ou a sua candidata. É fundamental pensar em assuntos como a economia, a questão social, a cultura, o direito à cidade e diversas outras pautas. Porém, existe um tema que deve ser transversal e que precisa estar no centro do debate nessas eleições: a questão socioambiental.

Vamos à verdade dos fatos. Todas as eleições são fundamentais. Mas, nas eleições municipais, nós temos a oportunidade de transformar as cidades em que vivemos. Os municípios são os locais do dia-a-dia, da nossa convivência, da nossa moradia, real oficial. Moramos nas cidades, existimos nas cidades e, por isso mesmo, precisamos de ambientes que estejam adaptados e preparados para lidar com as causas e com as consequências das mudanças climáticas

Voltemos, de novo, para a tragédia socioambiental que tivemos no Rio Grande do Sul esse ano. As cidades não estavam preparadas para lidar com as grandes chuvas e com os efeitos dessas grandes chuvas, o que fez com que a vida de milhões de pessoas fosse afetada. Aqui mesmo, em São Paulo, todos os anos nós vemos notícias de famílias perdendo seus móveis, suas casas, suas vidas, por causa de enchentes e alagamentos resultantes de um despreparo estrutural da cidade.

Justamente por isso, as eleições deste ano precisam considerar urgentemente as questões socioambientais. Isso precisa fazer parte de projetos de governo, precisa aparecer em todos os debates, precisa estar dentro da agenda de todos os candidatos minimamente sérios e que queiram, de fato, melhorar a vida da sua população. E não estou nesse texto fazendo campanha para candidato X, Y ou Z. Estou, como ativista socioambiental, discutindo a urgência de termos as administrações das cidades comprometidas com essas pautas. Não podemos mais eleger negacionistas climáticos e pessoas que negam as evidências que a ciência vem comprovando.

Entendo que existem diversas pautas fundamentais para mudar uma cidade. Mas me permito também dizer que, talvez, a pauta socioambiental seja uma das mais urgentes. Que precisam ser olhadas e atendidas com a maior rapidez. Sem equilíbrio climático não existe saúde de qualidade, educação de qualidade, cultura de qualidade. Enquanto estivermos convivendo com ondas de calor, ondas de frio, deslizamentos e inundações, continuaremos nutrindo uma juventude sem esperança de futuro, uma velhice que se vê cada vez mais afetadas por essas situações e uma vida adulta que se vê preocupada com temas que nem eram pauta há cerca de vinte ou trinta anos.

Assim, é necessário que adotemos a postura correta nessas eleições. É preciso olhar para o clima na hora de votar e é preciso votar em pessoas comprometidas verdadeiramente com essa questão. Não temos mais tempo para esperar algum milagre acontecer e a humanidade ser magicamente salva por alguma invenção mirabolante. Precisamos de estudos, planos e políticas públicas que sejam construídas para garantir a viabilidade da vida das pessoas nas cidades em que elas vivem. Precisamos de um pacto ambientalista para todas as cidades do nosso país.

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