Por Vinicius Almeida
O percentual de famílias endividadas no Brasil talvez seja mais alto do que os declarados 78% nessa condição, diz colunista
O alto grau de endividamento dos brasileiros é o assunto do vídeo desta semana de nosso colunista Vinicius Almeida, o Vinne, estudante de economia na Escola Superior Luiz de Queiroz (Esalq-USP). Com certeza é tema quentíssimo neste momento de temperaturas insanas em que se desdobra nova etapa do “Desenrola Brasil”.
Esse programa do governo federal volta-se à regularização de dívidas pequenas de parte considerável da população e nada tem a ver com alguma generosidade dos credores. A questão é que a chamada inadimplência, com o consequente registro do nome do devedor nos serviços de proteção ao crédito, impede a continuidade de seu acesso justamente ao crédito e ao consumo de itens de mais valor, principalmente bens duráveis – o que atrapalha, muito mais do que os pobres devedores imaginam, o funcionamento geral da economia. Vinne observa que 78% das famílias brasileiras se revelam endividadas, de acordo com informação da Agência Brasil, e 18% das pessoas se dizem muito endividadas. Ele supõe que esses percentuais, na verdade, são maiores, dado que muitas pessoas têm vergonha de declarar nas pesquisas que, sim, têm dívidas.
É um sentimento, esse da vergonha, que merece ser investigado para ser compreendido, já que a economia capitalista funciona largamente na base do empréstimo de recursos de terceiros, os chamados investidores e acionistas (sócios) dos negócios em geral, públicos ou privados. Dever, então, é normal, os problemas começam com o atraso dos pagamentos acordados e seu acúmulo. Aliás, os bancos, com toda a sua arrogância na execução de pequenas dívidas dos pobres, vivem de múltiplas formas de empréstimos, do dinheiro que captam de terceiros, convém não esquecer. Ah, e uma informação adicional: o governo federal espera que a negociação propiciada nesta nova etapa do “Desenrola” alcance R$ 80 bilhões.
Vinicius Almeida, o Vinne, é estudante de ciências econômicas na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq-USP)