Por Thaciana de Sousa Santos
Ultrapassado o desespero do tempo de caloura, colunista conta como está aprendendo a se equilibrar entre as obrigações acadêmicas e os prazeres do ócio
Eu não tenho nenhuma novidade do meio acadêmico para esta semana. Na anterior não teve aula por causa do feriado da Sexta-Feira Santa, então não fui conhecer nenhum lugar novo na cidade universitária.
Fiquei a semana toda em casa e tinha planos de estudar, né? Porque na sexta eu iria para a praia, aproveitar o meu aniversário (que foi no sábado, dia 8) e, logo na segunda tinha aula. Precisava adiantar a matéria e fazer as listas que tinha pendentes, mas, vem aí o spoiler: não fiz nada do que planejei.
Sei que deveria utilizar a semana para pôr em dia a matéria atrasada, tirar as dúvidas e voltar às aulas explicando a matéria aos professores. E foi apenas um sonho – ou um delírio, Não aconteceu.
Esse negócio de viver perigosamente e aprender a matéria em cima da hora não dá certo, provei isso da pior forma possível, mas parece que não aprendo, né? Parece até que gosto dessa sensação de sufoco, agonia e incerteza, porque passei a semana toda tranquila, assistindo séries e lendo. Vivendo como se não houvesse amanhã – mas o amanhã chegou e o desespero também.
Entretanto, não deixei todas as minhas obrigações ao Deus dará. Fiz a minha parte da síntese de laboratório, e o último experimento que fizemos antes da semana de feriado foi bem legal até (não tudo, claro). Bem no finalzinho da aula, meu grupo e eu montamos um circuito para que fosse possível acender um LED por uma placa de painel solar. Tá, mas como que acende algo com uma placa de painel solar sem o sol? Sei que você pensou nisso, eu também.
Utilizamos um abajur com uma lâmpada amarela para “simular” o sol e deu certo. Nada queimou e os equipamentos ficaram inteiros. Eu, particularmente, gostei bastante.
Voltando, fiz a síntese desse experimento, estudei um pouco para a prova que teria, e olha, acho que fui bem, hein? Creio que nunca falei isso aqui antes porque sempre estou insegura e não consegui notas boas, mas parei de me cobrar tanto e estou fazendo tudo no meu ritmo. Fiquei muito tranquila e com aquela sensação de que sei o que estou fazendo (isso será só até a hora de ver a nota).
Mas cá entre nós, como é bom sentir que se sabe algo, não é? Fiz a prova com calma, mesmo sabendo que deveria ter estudado mais. Acho muito que agora não é mais o momento de ver o como meio vazio, e sim meio cheio. Se fosse no ano passado, teria me privado de tudo e ainda teria ficado super nervosa na hora da prova.
Este seria o meu maior conselho para a Tatá do passado: viver um dia de cada vez e não se privar de nada. Tanto que já estou planejando ir em festa universitária e viver como se não houvesse amanhã (com moderação e responsabilidade porque o amanhã virá, sim).
Mesmo não tendo feito tudo o que queria, apenas o que era de extrema necessidade, fui para à praia e acho que o universo resolveu me castigar pela minha procrastinação com chuva e frio. Durante toda a semana estava quente, com aquele sol que te acompanha a cada passo, mas foi só me lembrar que passaria o meu aniversário na praia que o tempo fechou.
Castigo ou não, lá estava eu, plena, no meio da chuva e frio, vai que pegava uma marquinha nem que fosse pelo mormaço! E sem contar que não foi de graça. Tinha que aproveitar de alguma forma.
Foi essa a minha aventura de aniversário e estou incrédula de já ter feito 20 anos. Mas no momento, estou muito grata por estar realizando os meus sonhos e me tornando uma mulher de quem a minha mãe se orgulha.
Thaciana de Sousa Santos, a Tatá, é estudante de graduação do Instituto de Física da Universidade de São Paulo e escreve semanalmente para o Ciência na Rua