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Novos achados sobre as extinções de espécies na terra

Aparentemente as cinco maiores extinções em massa na Terra estão ligadas ao aquecimento global

Diorama mostrando a vida marinha no período Ordoviciano, no Museu Nacional de História Natural de Washinton D.C. (imagem: Fritz Geller-Grimm – CC BY-SA 2.5)

A segunda mais séria extinção em massa de espécies na história da Terra, o chamado Ordoviciano tardio, ocorrido há cerca de 445 milhões de anos, pode ter sido, tal como os outros quatro grandes eventos desse tipo, desencadeada, não por resfriamento e glaciação da Terra, mas pelo aquecimento global. De acordo com notícia da revista britânica NewScientist, de 22 de maio, agora se poderá associar todas as cinco maiores extinções conhecidas ao rápido aumento da temperatura do planeta, desencadeado por intensa atividade vulcânica.

Ouvido pela revista, Andrew Kerr, pesquisador da Universidade de Cardiff, no Reino Unido, disse que o novo achado “completa o quebra-cabeça de várias maneiras”. Primeiro, estudos recentes indicavam que o Ordoviciano tardio teria sido um evento lento demais para caracterizar uma verdadeira extinção em massa. A polêmica geológica era, além disso, alimentada pelo fato de esse evento coincidir com um período de resfriamento global, enquanto as outras quatro grandes extinções reconhecidas convergiam com períodos de intensa atividade vulcânica que, a par de sufocar com lava milhares de quilômetros quadrados da superfície do planeta, formando as grandes províncias ígneas, produziam no percurso forte aquecimento global.

E como um achado em rochas do fundo do mar, num determinado sítio geológico da Escócia, altera essa visão? De acordo com a NewScientist, David Bond, pesquisador da Universidade de Hull, no Reino Unido, juntamente com o colega Stephen Grasby, da Comissão Geológica do Canadá (GSC), examinaram amostras de bem preservadas rochas formadas no Ordoviciano tardio e encontraram um pico no nível de mercúrio exatamente naquelas formadas pouco antes e durante a extinção. “Grandes erupções vulcânicas jogam níveis anormalmente altos de mercúrio na atmosfera”, disse Bond. Em síntese, parece ter havido atividade vulcânica em larga escala durante esse período, e para Gerta Keller, da Universidade Princeton, nos Estados Unidos, esse é um grande achado para a história das grandes extinções em massa, todas agora ligadas ao vulcanismo das grandes províncias ígneas.

Bond acredita que esse vulcanismo deve ter levado ao aquecimento global que esquentou os oceanos, reduzindo sua capacidade de reter oxigênio dissolvido e sufocando a vida marinha. Isso explicaria por que as rochas escocesas também continham altos níveis de urânio, uma vez que esse elemento se precipita na água do mar e se acumula no fundo quando os os oceanos perdem oxigênio.

O achado não vai evitar novas controvérsias, porque tudo indica que no período também houve resfriamento e Bond admite que um fenômeno pode ter se seguido ao outro. Charles Mitchell, da Universidade de Buffalo, Nova York, propõe que o resfriamento global e uma severa glaciação podem ter começado antes e contribuído para a extinção, enquanto a atividade vulcânica e o aquecimento global teriam desempenhado um papel em seus últimos estágios da extinção. Afinal, o aquecimento global de uma grande província ígnea é também uma maneira de acabar com a glaciação, ele argumenta. Mais entusiasmado se mostrou Kerr, que há muito tempo defendia que a atividade vulcânica e os efeitos associados, como o aquecimento global, são os principais impulsionadores da extinção em massa. E Keller observou que a descoberta ajuda a compreender que podemos estar hoje em meio a uma extinção que também se deve ao aquecimento, mas o dióxido de carbono responsável terá sido produzido por nós, e não pelos vulcões.

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