{atualizado em 24/01/2022)
Esta é a primeira parte de ‘Contra Tempo – Uma viagem de 200 anos’, história em quadrinhos seriada sobre a independência do Brasil que o Ciência na Rua passa a publicar duas vezes por semana (mais à frente, três vezes por semana) aqui no site e no nosso novo perfil no Tapas, em versões com audiodescrição e sem audiodescrição. As publicações irão até setembro de 2022, no marco dos 200 anos do evento histórico. As páginas contam com audiodescrição inserida tanto como alt-text nas próprias imagens para pessoas cegas que utilizem leitor de tela quanto no fim do post para pessoas com baixa visão que não façam uso de leitor de tela. Explicamos melhor o projeto nesse texto. Boa leitura e boa viagem!
Audiodescrição: CONTRA TEMPO – UMA VIAGEM DE 200 ANOS
Uma produção de Imagem Acessível – Soluções em Inclusão
Roteiro: Letícia Mazzoncini
Consultoria e validação: Victor Hugo Cruz Caparica
Guia Introdutório:
Este é o guia introdutório da audiodescrição da história em quadrinhos Contra Tempo – Uma viagem de 200 anos. A história é produzida por Ana Cardoso (arte/criação e desenho), Hyna Crimson (arte/cor), Igor Marques (roteiro) e João Paulo Pimenta (pesquisa histórica). As ilustrações são coloridas e elaboradas digitalmente, com proporções realistas e traço estilizado. Possuem contorno quase sempre preto, formas arredondadas e preenchimento em cores sólidas, inclusive nas sombras. É utilizada textura no contorno dos cabelos da protagonista para caracterizar seus fios crespos. Os quadros são ora quadrados, ora retângulos, sem contorno e com bordas retas. Em cenas do passado, as bordas são levemente irregulares, como se houvesse pequenos respingos de tinta em seu contorno. Em alguns momentos, as ilustrações e onomatopeias rompem a divisão de quadros, ocupando mais de um ao mesmo tempo. A bandeira do Brasil sem a faixa com a frase “Ordem e Progresso” é elemento constante, inclusive na capa, e será indicada por “bandeira similar a do Brasil”.
Capa: Uma jovem de pele marrom médio despenca, atravessando uma espécie de portal formado por uma larga argola rosa, de contorno similar ao de uma nuvem. A jovem tem cabelos pretos e crespos, na altura dos ombros. Possui olhos escuros e redondos, nariz largo, lábios grossos e marrons. Sua roupa muda a medida em que seu corpo passa pelo portal. No lado direito do corpo, veste uma camiseta branca, calças jeans azul claro e tênis vermelho. Carrega uma mala marrom e tem uma tatuagem de flor no antebraço. No lado esquerdo, usa um vestido longo com manga comprida, de cor branca no tronco e saia azul e rodada. Calça um sapato preto e tem uma faixa de tecido vermelho na cintura. Sua ilustração possui um segundo contorno, branco e mais grosso, como se ela fosse uma colagem. O fundo tem uma divisão levemente diagonal, resultando em dois cenários: de onde a jovem parte, lado de cima, e para onde ela vai, lado de baixo. O primeiro é preenchido quase totalmente em cor vermelha e representa a visão de uma cidade com prédios modernos e altos. No telhado de um deles, há uma grande bandeira similar a do Brasil. Em outro, uma cruz pintada ocupa toda a lateral. Ao seu lado, um prédio com o que parece ser um grande anúncio de refrigerante, com uma garrafa em cujo rótulo se lê “Coke”. Há fogo em duas de suas janelas. Muita fumaça sai de chaminés e ocupa quase todo o céu. O segundo cenário é preenchido na cor amarela e também retrata uma cidade, mas de aspecto antigo. Possui uma grande igreja, com janelas e entradas arredondadas e três torres com cruzes na ponta. Ao fundo, há coqueiros, um rio, um barco a vela, o detalhe de uma ponte e morros. No céu, poucas nuvens. No topo e centralizado, o título CONTRA TEMPO, em letras pretas e amarelas, maiúsculas e grossas, levemente desalinhadas e com pequenas falhas de preenchimento, como se tivessem sido carimbadas. Abaixo, o subtítulo em letras brancas: UMA VIAGEM DE 200 ANOS. Na base, os nomes: Ana Cardoso, Hyna Crimson, Igor Marques e João Paulo Pimenta.
Fim do guia introdutório.
Página 1: Dia. Vista aérea da cidade de Recife, com a ponte Mauricio de Nassau ao centro. As construções, todas com no máximo dois andares, têm aspecto antigo, com telhados triangulares. No rio, do lado esquerdo da ponte, veleiros e pequenos barcos de madeira. A imagem aproxima-se de uma grande igreja de paredes brancas e duas torres. Pessoas caminham na frente da construção. Vestem roupas antigas, como vestidos longos, chapéus e cartolas. Uma mulher de pele marrom médio carrega um balde equilibrado sobre a cabeça. Outra, de pele bege clara, com brincos e maquiagem, caminha com uma sombrinha. Do nada, uma forma arredondada e irregular de luz rosa surge no ar. Ela aumenta de tamanho e uma jovem de pele marrom médio sai de dentro, caindo no chão e levantando-se em seguida. A jovem usa um vestido longo, branco e azul, com uma faixa vermelha na cintura. Com uma das mãos na cabeça e olhar confuso, ela diz: “Onde… Quando eu estou?”. Uma mala marrom surge ao seu lado, envolta pela mesma luz rosa. O portal diminui, parecendo fechar-se. Ao fundo, uma carroça carregada com palha e pessoas passando. Um homem olha a jovem, com semblante desinteressado.
Página 2: Dia. Presente. Em uma cidade grande, a jovem de pele marrom médio corre, suando e sorrindo. Ela diz: “Estou atrasada!”. Veste uma camiseta branca, calças jeans com rasgos no joelho e um moletom vermelho amarrado na cintura. Calça tênis e carrega uma bolsa tiracolo. Uma placa indica: “Rua Coronel Ustra”. Há papéis e lixo no chão, carros de polícia parados, militares armados e um homem sendo conduzido à viatura. Um tonel pega fogo. Há fumaça saindo de janelas e pequenos focos de incêndio. Nas construções, placas nas quais se lê “Moda Gospel”, “Congregação Cristã”, “Armas”, “Deus é amor” e “Banco”. Há bandeiras similares a do Brasil em várias janelas e uma delas é carregada por uma pessoa mais ao fundo. Em um poste, o anúncio “Curso de tiro” com um telefone e a ilustração de um revólver e a pichação “Ghetto não mor”.
Página 3: Sobre o telhado de um prédio, um outdoor com a foto de um homem de pele bege clara, cabelo curto e castanho, vestindo terno e gravata, fazendo sinal de arma com as mãos. Ao lado dele, o texto “Deus, armamento e liberdade!”. No prédio ao lado, uma bandeira similar a do Brasil está pendurada em uma das janelas. Em outra, o vidro está parcialmente quebrado. A jovem vê um ônibus passando logo a frente e grita: “Meu ônibus!”. Correndo atrás do veículo, ela acena e chama: “Me espera motô…”. Já dentro do transporte e sentada, ela observa o jornal que o homem ao seu lado lê. Em destaque, a manchete “Governo destrói mais um centro de pesquisa” e a fotografia de um prédio em chamas. Ela vira para a janela e, com olhar abatido, diz: “Como que chegamos a isso?”.
Página 4: A jovem desce do ônibus e corre apressada. Ela passa por um mural com a pintura de Marielle Franco sorrindo. Sobre seu rosto, há riscos e a palavra “Lixo” pichadas. Três cartazes colados na parede, nos quais se lê: “Eu autorizo Presidente”, “Brasil acima de todos” e “AI 5, 145 já”. PIIII!! Um militar de pele bege clara, cabelo preto e curto e bigode apita, e a jovem para de correr. Ela diz: “Desculpe senhor. É que estou atrasada para o trabalho.”. Sério, ele estende a mão e pede: “Identificação.”. A jovem lhe entrega seu documento de identidade, que é conferido pelo militar. No documento, retratado apenas parcialmente, há uma foto 3X4 da jovem e os dizeres: “República Federativa do Brasil. Nome: Beatriz Nascime. Filiação: Maria Nasci. João Paulo. Nacionalidade: Indeterminada. Data de nascimento: 22/11/1999. Ainda sério, o militar diz: “Está tudo ok, mas vamos ter que te revistar. Procedimento padrão.”. Com olhar preocupado, Beatriz abre a bolsa, e o militar começa a vasculhar. Lá dentro, vê-se livro e caderno. Próximo a eles, outro militar de pele bege clara, cabelo curto e castanho, segura um fuzil, apontado para o alto.