Luiza Moura questiona a atriz por participação em campanha da Petrobras
ilustração: Kairo Rudáh
Querida Camila Pitanga, como vai? Espero que esteja bem.
Quero começar essa carta dizendo que sou uma grande admiradora do seu trabalho, definitivamente sou uma lolover (para quem não sabe, esse ano Camila Pitanga fez a personagem Lola na novela “Beleza Fatal”, e os fãs da Lola foram chamados de “lolovers”). Acompanho você e os seus trabalhos há algum tempo e, por isso, confesso que me surpreendi negativamente quando vi que você participou de uma propaganda da Petrobras que afirma que a empresa já está trabalhando por uma transição energética justa.
Fico me perguntando se, para a Petrobras, transição energética justa é a tentativa de explorar petróleo na Foz do Amazonas, uma região fundamental para a preservação de ecossistemas e da biodiversidade. Será que transição energética justa é ter uma presidenta que defende abertamente a continuidade da exploração petrolífera?
Isso não é transição energética justa, Camila. Na realidade, está longe de ser. Encaremos os fatos: a Petrobras hoje não é a líder em transição energética justa. É uma empresa que explora petróleo e que tem feito campanha para continuar explorando petróleo.
Camila, um dos seus trabalhos que mais gosto é a série “Aruanas”. Adorei ver a luta das ativistas socioambientais retratada na TV. Por isso mesmo, talvez você saiba melhor do que eu o quanto nós nos esforçamos para combater os combustíveis fósseis e para mostrar para a população que é preciso, urgentemente, descarbonizar a economia e construir uma verdadeira transição energética. Mas uma transição de verdade, que abra mão da exploração de petróleo, substituindo essa produção com fontes de energia limpa.
Por isso, me surpreende tanto você estrelar essa campanha. Porque, sinceramente, ela espalha desinformação e prejudica o trabalho de tantas pessoas que têm lutado para adiar o fim do mundo. Transição energética justa se faz com compromisso, com comprometimento e com seriedade. Não com propagandas engraçadinhas e com pressão no IBAMA para liberar blocos de petróleo.
Espero, de coração, que você repense sua participação em propagandas assim. Acho que todos os ativistas socioambientais agradeceriam.
Com os melhores desejos de uma ativista socioambiental.
Um abraço.
Luiza
