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Canadense, americano e holandês dividem Nobel de economia

David Card foi laureado por “sua contribuição empírica à economia do trabalho”, Joshua D. Angrist e Guido W. Imbens, por “contribuições metodológicas à análise de relações causais

Card, Angris e Imbens (ilustração: Niklas Elmehed © Nobel Prize Outreach)

A Academia Real de Ciências da Suécia anunciou nesta segunda-feira, 11, os ganhadores do prêmio Nobel de economia. O canadense David Card, da Universidade Berkeley, levará metade do prêmio, a outra metade será dividida entre o americano Joshua D. Angrist, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, e o holandês Guido Imbens, da Universidade Stanford, todas instituições americanas. De acordo com o comitê do prêmio, o trabalho dos pesquisadores contribuiu com novos entendimentos relacionados ao mercado de trabalho e a conclusões sobre causa e efeito a partir de experimentos naturais – ou seja, analisar situações da vida real que funcionem mais ou menos como testes clínicos –, tendo impactado outras áreas do conhecimento.

Muitas das grandes questões nas ciências sociais lidam com causa e efeito. Como a imigração afeta os níveis de remuneração e emprego? Como uma educação mais longa afeta a renda futura de alguém? Essas questões são difíceis de responder porque não temos nada para usar como comparação. Não sabemos o que teria acontecido se tivesse havido menos migração ou se a pessoa em questão não tivesse continuado a estudar.

No entanto, os premiados deste ano demonstraram ser possível responder essas questões e outras similares utilizando experimentos naturais. A chave é usar situações da vida real em que eventos fortuitos ou mudanças de política resultem em grupos de pessoas sendo tratadas de modos diferentes, um pouco como nos testes clínicos da medicina.

Com o uso de experimentos naturais, David Card analisou os efeitos de salário mínimo, imigração e educação no mercado de trabalho. Seus estudos do início dos anos 90 desafiaram a sabedoria tradicional, conduzindo a novas análises e compreensões. Os resultados mostraram, entre outras coisas, que aumentar o salário mínimo não necessariamente leva a menos empregos. Agora sabemos como a renda de pessoas naturais de um país pode se beneficiar de imigração recente, enquanto pessoas que imigraram antes para o mesmo lugar podem ser negativamente afetadas. Também percebemos como o investimento em escolas é muito mais importante para o futuro sucesso dos estudantes no mercado de trabalho do que se pensava anteriormente.

Contudo, dados de experimentos naturais são difíceis de interpretar. Por exemplo, aumentar em um ano a educação obrigatória para um grupo de estudantes (mas não para outro) não afetará todos no grupo da mesma maneira. Alguns estudantes teriam continuado estudando de todo modo e, para eles, o valor da educação muitas vezes não é representativo do grupo como um todo. Seria possível, então, chegar a alguma conclusão sobre o efeito do ano obrigatório a mais? No meio dos anos 90, Joshua Angrist e Guido Imbens resolveram esse problema metodológico demonstrando como conclusões precisas sobre causa e efeito podem ser tiradas de experimentos naturais.

“Os estudos de Card sobre questões centrais para a sociedade e das contribuições metodológicas e Angris e Imbens mostraram que experimentos naturais são uma fonte rica de conhecimento. Suas pesquisas melhoraram substancialmente nossa capacidade de responder questões causais fundamentais, o que beneficiou muito a sociedade”, explicou Peter Fredriksson, presidente do Comitê do Prêmio de Ciências Econômicas.

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