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“A que horas o sabiá-laranjeira canta?” Escolas podem se inscrever em projeto da USP de ciência cidadã

Jornal da USP

Voltado a estudantes do 6º ao 9º ano de escolas públicas e privadas, projeto proporciona aprendizagem interdisciplinar de conteúdos de ciência, biologia, geografia e matemática; inscrições vão até 15 de junho

Projeto investiga efeitos da poluição sonora e visual sobre o canto dos sabiás-laranjeiras – Foto: Jair Moreira / Wikimedia Commons

Um projeto de ciência cidadã que une pesquisa científica, ensino investigativo e consciência ambiental tem inscrições abertas até o dia 15 de junho para escolas públicas e particulares. A que horas o sabiá-laranjeira canta? é uma iniciativa que busca investigar os efeitos da poluição sonora e luminosa sobre o canto dos sabiás-laranjeiras na cidade de São Paulo. O projeto é uma parceria entre pesquisadores do Instituto de Biociências (IB) e da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e de Design (FAU), ambos da USP, e contribui para uma experiência interdisciplinar que articula conteúdos de ciências, biologia, geografia e matemática. As inscrições podem ser feitas pelo formulário on-line.

Durante as atividades do projeto, estudantes do 6º ao 9º ano serão protagonistas em coletas de dados reais, promovendo o ensino por investigação, a conexão com a biodiversidade urbana e o desenvolvimento de práticas científicas em sala de aula. O objetivo é o desenvolvimento de atividades que estimulem a compreensão mais crítica e sensível da biodiversidade urbana e dos impactos da vida nas grandes cidades. O projeto ocorrerá durante a época reprodutiva do sabiá-laranjeira, de agosto a começo de novembro, e os estudantes receberão gravadores e sonômetros, além de treinamento para utilizar os equipamentos.

A gravação será feita com um tipo de gravador muito usado por cientistas que estudam espécies em áreas remotas como florestas tropicais, desertos ou mesmo na Antártida — veja mais informações neste link. Esses gravadores são pré-programados para gravarem sons a intervalos regulares, necessitando de pouca interferência dos estudantes para ajustar as configurações. O papel dos estudantes será encontrar um local próximo a janelas ou áreas externas a fim de que seja possível captar o canto dos sabiás.

A equipe do projeto ficará à disposição para colaborar na criação de atividades pedagógicas com as escolas parceiras, indicando também habilidades da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) que podem ser desenvolvidas ao longo do projeto.

Sabiá-laranjeira está bem distribuído na área urbana de São Paulo – Foto: Milton Jung / Flickr CC BY 2.0

Comportamento das aves

As aves utilizam o canto como forma de comunicação entre si, como para atrair parceiros ou proteger seu território. A presença de poluição sonora pode atrapalhar essa comunicação, fazendo com que passem a cantar em momentos do dia com menos ruídos. A poluição luminosa, por sua vez, pode antecipar o despertar das aves, levando-as a cantar — seja para atrair parceiros ou defender território — antes do amanhecer natural.

A escolha dos sabiás-laranjeiras se deve ao fato de serem amplamente distribuídos em áreas naturais e urbanas, além de cantarem com frequência. Essas características tornam mais fáceis a observação e a gravação de seus cantos, permitindo estudar como esses efeitos afetam seu comportamento vocal. Por ser uma espécie bastante conhecida pela população, o sabiá-laranjeira também é ideal para ações de divulgação científica e para estimular o engajamento em projetos de ciência cidadã.

O projeto busca entender como a urbanização influencia o comportamento dessas aves, especialmente no que diz respeito ao horário de início do canto, que é crucial para a comunicação e reprodução. Para isso, além de envolver os estudantes na coleta de dados sobre o canto dos pássaros e na medição dos níveis de poluição sonora em suas comunidades, serão realizadas atividades educativas interdisciplinares, incluindo saídas de campo para observação de aves, contribuindo para uma conexão dos alunos com o ambiente e com métodos de investigação científica.

O projeto tem apoio da Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação (PRPI) da USP, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e do Instituto Serrapilheira.

A equipe de coordenadores conta com a professora Ana Paula Aprígio Assis, do Departamento de Genética e Biologia Evolutiva do IB, especializada em ecologia evolutiva; professora Ranny Loureiro Xavier Nascimento Michalski, da FAU, especializada em poluição sonora urbana; Nathália Helena Azevedo, professora do IB, especializada em ensino de biologia e ciências; Paulo Roberto Guimarães Júnior, professor do Departamento de Ecologia, especializado em ecologia de aves; Lucas Ferreira do Nascimento, pós-doutorando do IB, especializado em ecologia urbana; e Maria Cristina de Castilhos Pauli Barbosa, mestranda no Departamento de Genética e Biologia Evolutiva do IB.

Para fazer a inscrição no projeto clique aqui. Mais informações no site: https://www.projetosabia.ib.usp.br ou pelo e-mail projetosabia@ib.usp.br.

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Com informações do Projeto Sabiá e do IB-USP

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