Se seus pais são rígidos em relação aos horários combinados, se querem sempre saber onde você está e com quem, não esquente, eles pode estar reduzindo suas chances de esse envolver com álcool e drogas reduzidas. Mas se, além disso, seus pais conversarem bastante com você sobre o assunto, fizerem alertas e deixarem claro o que pode e o que não pode, acredite que eles podem estar fazendo um bom trabalho.
Esse é o resultado de uma pesquisa realizada com mais de 6 mil jovens na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) em seis cidades do Brasil. O estudo feito por Juliana Valente para seu doutorado, orientado por Zilá Sanchez e saiu há poucas semanas na revista norte-americana Drug and Alcohol Dependence.
À Agência Fapesp, Zilá, que é professora da Unifesp (Escola Paulista de Medicina), disse que a principal conclusão do estudo “é que o estilo parental, ou seja, o modo como os pais educam seus filhos, pode ser um fator de proteção ou de risco para o consumo de álcool e outras drogas na adolescência”. O estilo a que ela se refere é chamado na área de “estilo responsivo”, ou seja, pais sempre de olho, dando respostas a partir das questões trazidas pelos filhos.
Os estudantes entrevistados são do 7º e 8º ano do ensino fundamental 2 e a média de idade deles era de 12 anos e meio. Como a idade dos meninos e meninas era relativamente baixa, o índice de consumo de álcool e drogas era baixo também. Por isso, a pesquisadora separou os questionários – preenchidos anonimamente pelos adolescentes, sem a orientação de adultos – que apontavam consumo dessas substâncias ao menos uma vez no ano anterior. Além das informações sobre álcool e drogas, eles responderam sobre o estilo dos pais e aí foi possível cruzar os dados.
Os números alcançados foram 81,54% são “abstinentes/usuários leves”; 16,65% são “usuários de álcool/bebedores pesados”; e 1,8%, foram classificados como “poliusuários”, porque usaram álcool e outras substâncias como tabaco, maconha, cocaína, crack ou inalantes.
Com esses dados nas mãos, a pesquisadora analisou o estilo dos pais de acordo com as respostas do questionário. Os critérios mais importantes aqui são a exigência e a responsividade. Pontuação alta nos dois representam pais “autoritativos”; alto escore na exigência e baixo e responsividade classificam pais como “autoritários”. Nota alta na responsividade, mas sem autoridade, são os pais “indulgentes”. E pontuação baixa nos dois quesitos apontam pais “negligentes”.
A conclusão do cruzamento do consumo e do estilo de educação ficou assim: pais autoritativos protegem mais os filhos no abuso de álcool e drogas, seguidos pelos autoritários, indulgentes e negligentes. Na entrevista à Agência Fapesp, Juliana Valente disse que os resultados eram esperados, mas que os números ajudam a provar a relação direta entre educação e abuso de tóxicos.