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O balão vai subindo, vai caindo a garoa

por | 13 jun 2024

Tatá lembra das festas juninas da escola e reflete sobre a passagem do tempo

ilustração: @paozinho_celestial

Chegamos ao mês de junho, e a única coisa que me vêm à cabeça é: festa junina.

Lembra da época de escola? Tinha toda uma movimentação, e bora todo mundo ajudar na decoração, e quem vai dançar? Bora ensaiar também. E a roupa, já arrumou? Ainda não? “Mãeeeeee, tem festa junina e eu preciso de fantasia”.

Eu me lembro como se fosse ontem toda essa movimentação e a vergonha sendo deixada de lado pelos míseros pontinhos na média no final do bimestre só pela dança. E num é que aquilo de “quando perder vai dar valor” é verdade? Eu realmente sinto falta.

Estaria mentindo falando que não sinto falta da escola em si, porque eu sinto. Estar na faculdade é difícil, e eu sei disso hoje, mas não sabia disso há 10 anos, quando tudo que eu queria era crescer para viver a minha vida de adulta e ter liberdade de fazer o que quisesse.

Eu acho que isso é até normal, não é? Quando se entra na pré-adolescência, você quer fazer mil e uma coisas mas não pode, daí a única é de ter 18 anos logo. Aos 21, eu só queria ter 2 meses. E eu já até falei para minha mãe, a vida vai ficando cada vez mais difícil, e bom mesmo era só quando mamava e dormia. Não tinha estresse.

Só que, parando para pensar, nem a vida de um bebê é fácil. Imagina você, recém-nascido, com uma coceira doida no pé e tua mãe te da leite. Ou está com dor de barriga e ela vai e tenta te colocar pra dormir. Viu? Não é fácil também. É claro que a mãe está fazendo o que pode, mas fica difícil ela adivinhar o que estamos sentindo quando não conseguimos expressar ainda.

Estou falando disso tudo porque eu percebi agora como cresci e como sinto falta da época que em que a vida era menos complicada. Fiquei tão ansiosa para crescer e finalmente ter os sonhados 18 anos que esqueci que infância e adolescência passavam assim, em um piscar de olhos. E não voltavam mais.

Eu me toquei agora que estou no 3º ano de faculdade, apesar dos trancos e barrancos, de todas as vontades de desistir, comparações extremas, eu ainda estou caminhando (talvez em passos mais lentos) para a minha formatura.

É claro que eu imaginei um cenário totalmente diferente na minha cabeça, achei que, assim que fizesse 18 anos, ficaria rica. Eu tinha planejamento até essa idade, depois disso, estou vivendo apenas no improviso na minha série de muitas temporadas que chamo de vida.

Eu tenho um sentimento de amor e ódio pela faculdade, eu espero que isso seja normal. Estar inserida em um curso de exatas é desgastante de um jeito que eu nunca imaginei que seria. Claro que sabia que seria difícil, porém é muito mais difícil olhar para o lado e ver pouquíssimas mulheres. E eu fico me perguntando quando é que vamos mudar isso. Ou, no meu dia mais pessimista: será que vamos mudar isso?

Acho que cheguei em um momento na faculdade em que eu preciso lutar, em que preciso acolher quem chega depois. Porque eu sei que todos os meus sentimentos não são únicos: a insegurança, medo, insuficiência, enfim, todos.

Eu já pensei em trancar o curso inúmeras vezes esse semestre, e quando chega ao final só piora. Me pergunto se a educação em ciências exatas precisa ser exatamente assim. Spoiler: não precisa. Mas a meritocracia está tão enraizada que esquecerem que agora há diferentes níveis de educação por causa das cotas (ainda bem) e parece que, mesmo lutando, ainda não conseguimos mudar isso.

Crescer dói, e não achei que seria assim (ninguém nunca imagina o pior, né?). Mas o que eu e você podemos fazer é tornar o processo mais leve. Não adianta perder a saúde mental ou física pelo processo.

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