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Última parte: conheça mais cinco jovens que lutam pelo meio ambiente
Meio ambiente

por | 9 nov 2021

Histórias inspiradoras e impressionantes foram publicadas originalmente pelo jornal The Guardian

Nesta terça-feira, 9 de novembro, começou em Glasgow, Escócia, a última etapa oficial da COP26 – Conferência sobre Mudanças Climáticas da ONU, a chamada rodada ministerial, que em princípio deve chegar até sexta-feira a uma série de decisões políticas destinadas ao enfrentamento consistente das causas humanas do aquecimento global e das consequentes mudanças climáticas que ameaçam a vida no planeta. Se de fato os países, através de seus representantes, chegarão aos consensos esperados, não dá para apostar.

Como observado hoje por Daniela Chiaretti, enviada especial do jornal Valor Econômico a Glasgow, “não há consenso sobre o nível e a entrega de recursos financeiros, metas mais ambiciosas de corte de emissões, adaptação a eventos extremos e apoio aos países que sofrem as maiores perdas com a crise do clima”. E sobram dúvidas também sobre as regras do Acordo de Paris, de 2015, como as relativas à regulação dos mercados de carbono.

De uma certa maneira, as movimentações na COP26 sugerem até aqui o aumento do fosso ou, pelo menos, a manutenção intocada da distância entre, de um lado, lideranças políticas e representantes do sistema financeiro mundial, e de outro, ativistas do clima de variadas idades e estratos sociais. E entre esses, são principalmente os mais jovens, que carregam um poderoso sentimento de urgência em relação à crise do clima, que devem sair de Glasgow com o maior grau de frustração.

Os depoimentos que 20 jovens ativistas fizeram ao britânico Guardian no mês passado, publicados passo a passo pelo Ciência na Rua desde a semana passada, e com a última parte mostrada a seguir, são eloquentes a respeito dessa urgência.

 

Amy e Ella, 18 e 16, Reino Unido

Amy e Ella Meek fundaram o Kids Against Plastic em 2016, depois de descobrirem sobre os efeitos da poluição por plástico. As irmãs recebiam educação domiciliar, e seus pais, ambos professores, decidiram que deveriam aprender sobre os objetivos globais da onu para o desenvolvimento sustentável. O objetivo que despertou interesse delas foi o número 14: A vida abaixo da água. “Começamos a ver todas essas imagens de criaturas marinhas envoltas em plástico”, diz Amy, agora com dezoito anos. “Foi muito doloroso e chocante ver aquilo.”

“A poluição por plástico não era tão noticiada na época, então não sabíamos como o plástico, que usávamos e jogávamos fora, estava tendo um impacto tão negativo”, diz Ella, de 16 anos. “Percebemos que outras muitas pessoas comuns provavelmente não também sabiam disso, então decidimos agir.”

A campanha delas contra o lixo plástico teve um pequeno começo. “Éramos bem jovens, apenas dez e doze anos, então começamos catando lixo. Assim que começamos a recolher o plástico, vimos a rapidez com que ele estava sendo substituído, e isso foi muito motivador”, diz Ella.

Em cinco anos as irmãs recolheram o incrível número de 96.685 pedaços de plástico descartáveis. Sua meta é 100.000, porque esse é o número de mamíferos marinhos que morrem a cada ano como resultado de ficarem presos em plástico ou de comê-lo. Elas também deram centenas de palestras em escolas e festivais, incluindo uma TEDx talk, e lançaram o projeto Plastic Clever [Plástico inteligente] nacionalmente para ajudar escolas, restaurantes, empresas, festivais e conselhos do Reino Unido a reduzir a quantidade de plástico descartável que usam.

Como vocês se divertem?
“Nós somos apenas duas adolescentes normais, então, quando não estamos em campanha, nós ficamos juntas, vemos televisão, lemos livros, conversamos com nossos amigos.”

Carne de laboratório ou de animais alimentados só com pastagem?
“Nós somos veganas!”

Se você pudesse fazer uma mudança…
“Nos certificaríamos que as pessoas com o poder para tomar medidas ouvissem o conselho dos jovens.”
(Por: LO’K)

 

Noga Levy-Rapoport, 19, Reino Unido

Em 2019, Noga Levy-Rapoport, com apenas dezessete anos na época, foi fundamental na organização das enormes greves climáticas de 20 de setembro em todo o Reino Unido. Isso envolveu “meses de trabalho incansável — e-mails, reuniões nos bastidores, viagens da escola ao trabalho e às sedes da empresa para persuadir o máximo possível de gente a se juntar a nós nas ruas”. Levy-Rapoport, agora estudante em tempo integral na Universidade de Warwick, além de continuar com uma campanha vigorosa, acredita que “o impacto desse trabalho pode ser visto ainda hoje”.

Se você pudesse fazer uma mudança…
“Eu asseguraria que governos e líderes globais acabassem com o greenwashing que as empresas estão constantemente usando. Greenwashing coloca toda a responsabilidade por uma crise internacional terrivelmente enorme sobre nós, consumidores, em vez de em empresas de combustíveis fósseis por tirar vantagem de nosso povo e nosso planeta. Corporações como bp e Shell, responsáveis por tantos danos ao nosso meio ambiente, sabem que um mundo descarbonizado é possível, um futuro sustentável e uma sociedade justa são possíveis, mas para que isso exista temos que acabar com o poder desregulado que eles têm sobre nossa energia, empregos e meios de subsistência.”
(por KF)

 

Jamie Margolin, 19, Estados Unidos

Colombiana-americana de Seattle, Margolin fundou a coalizão Zero Hour em 2017, que liderou a Youth Climate March [Marcha da Juventude para o Clima] em julho daquele ano. Ela foi uma das 13 crianças que processaram o estado de Washington, em 2018, por infringir seus direitos constitucionais ao “agravar ativamente a crise climática”. Ela agora estuda cinema na Universidade de Nova York, ainda fazendo campanha por questões climáticas e direitos queer.

Se você pudesse fazer uma mudança…
“Eu iria fazer parar todo o desmatamento e toda a destruição da natureza.”
(por KF)

 

Autumn Peltier, 17, Canadá

“Eu tinha oito anos e participava de uma cerimônia da água em uma comunidade das Primeiras Nações não muito longe da minha”, disse Autumn Peltier, lembrando o momento que a estimulou a se tornar uma defensora da água potável. “Fui ao banheiro e ao longo de todos os corredores havia placas que diziam ‘Não beba esta água’ e ‘Ferva a água antes de beber’.” Questionando sua mãe depois, ela soube que a água potável nesta comunidade, no norte de Ontário, Canadá, estava contaminada há 24 anos.

Agora, com apenas dezessete anos, Peltier é a comissária-chefe de água da Nação Anishinabek. Ela chamou a atenção pela primeira vez quando, na Assembleia das Primeiras Nações em 2017, disse ao primeiro-ministro Justin Trudeau que estava “muito infeliz” com seu histórico negativo de proteção da água e projetos de oleodutos.

No ano seguinte, ela se dirigiu a líderes mundiais na Assembleia Geral da onu tratando do tema da poluição da água. “Essas plataformas me dizem que minha mensagem está sendo ouvida, e o Canadá tem que responder nesse nível”, diz ela. “Isso me mostra que estou sendo eficaz na luta pela preservação da água, das crianças e dos nossos direitos como povos indígenas desta terra.”

Se você pudesse fazer uma mudança…
“Eu encorajaria qualquer novo membro do parlamento a passar uma semana no campo e em uma comunidade que não pode beber água e morar em casas que precisam de reparos. Faria com que os que estão no poder experimentassem o que estamos enfrentando e entendessem por que fazemos esse trabalho pela defesa de direitos.”
(por KF)

 

Grace Maddrell, 16, Reino Unido

Depois de participar de uma primeira greve pelo clima em uma escola, Grace Maddrell, com apenas dezesseis anos, publicou agora ‘Tomorrow Is Too Late’ [Amanhã é tarde demais], um livro de ensaios e histórias de jovens ativistas de todo o mundo, que ilustra por que é urgente agirmos agora para evitar uma catástrofe climática.

Se você pudesse fazer uma mudança…
“Esta crise foi causada pelo colonialismo, capitalismo e pela desigualdade. Se pudéssemos mudar as atitudes que perpetuam essas coisas, isso ajudaria a construir um mundo melhor.”
(Por LO’K)

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