O distanciamento social é, até aqui, a única ferramenta efetiva na prevenção da contaminação pelo Sars-Cov-2, o vírus causador da Covid-19. Não há vacina contra a doença e, enquanto ela não existir, é nesse distanciamento que repousam as expectativas de barrar a aceleração descontrolada da contaminação, impedir o completo colapso dos sistemas de saúde e, acima de tudo, evitar mais mortes num cenário já esmagador. No Brasil, essas mortes já se aproximam das 12 mil e, no mundo, ultrapassaram 288 mil. Entretanto, grande parte da população do país resiste ao distanciamento.
O webinar “Covid-19: aspectos e razões da resistência ao distanciamento”, às 11 horas desta quinta-feira, 14 de maio, vai trazer o tema à mesa virtual de debates a partir do olhar de três experientes pesquisadores – o cientista político André Singer, o psicanalista Christian Dunker e o antropólogo Carl Kendall. Os dois primeiros são professores da Universidade de São Paulo (USP) e o terceiro, da Universidade Tulane, nos Estados Unidos, neste momento trabalhando na Universidade Federal do Ceará UFC). Participam da conversa com eles três jornalistas, Lucas Veloso, da Agência Mural de Jornalismo das Periferias, Sabine Righetti, da Agência Bori, e Mariluce Moura, do Ciência na rua, que atuará como mediadora. O debate é voltado a jornalistas, comunicadores populares e outros interessados na discussão dos vários aspectos da Covid-19.
As inscrições podem ser feitas neste link, e a conversa poderá ser acompanhada també no canal de Youtube do Cidacs-Fiocruz.
O webinar, o sexto de uma série iniciada em 9 de abril, é organizado pelo Projeto Ciência na rua, Rede CoVida, Agência Bori e Agência Mural de Jornalismo das Periferias. Veja quem são os participantes:
- André Singer, cientista político e jornalista, é professor titular do Departamento de Ciência Política da USP, universidade em que fez todo seu trajeto acadêmico. Graduou-se em ciências sociais e em jornalismo, é mestre, doutor e livre-docente em ciência política. Foi secretário de redação da Folha de S. Paulo em 1987-88, jornal ao qual voltaria como colunista de 2012 a 2019, porta-voz da presidência da República (2003-2007) e secretário de imprensa da presidência da República (2005-2007) no governo Lula. Coordena o Centro de Estudos dos Direitos da Cidadania (Cenedic-FFLCH/USP). Lidera, juntamente com Bernardo Ricupero, o Grupo de Pesquisa Pensamento e Política no Brasil. Seu campo de pesquisa inclui comportamento político, problemas da democracia e análise de classe da política brasileira. Entre outros livros, publicou Esquerda e direita no eleitorado brasileiro, Os sentidos do lulismo, que lhe valeu o Prêmio Anpocs de melhor obra científica em 2013, e O lulismo em crise.
- Christian Dunker, psicanalista, é professor titular do Departamento de Psicologia Clínica no Instituto de Psicologia da USP. Graduou-se, é mestre e doutor em psicologia experimental e livre docente em psicologia clínica pela mesma universidade e tem um pós-doc na Manchester Metropolitan University. É analista membro de escola do Fórum do Campo Lacaniano. Tem experiência na área clínica com ênfase em psicanálise (Freud e Lacan), e atua principalmente em estrutura e epistemologia da prática clínica, teoria da constituição do sujeito, metapsicologia, filosofia da psicanálise e ciências da linguagem. Coordena, ao lado de Vladimir Safatle e Nelson da Silva Jr,. o Laboratório de Teoria Social, Filosofia e Psicanálise da USP. Em 2012 ganhou o prêmio Jabuti de melhor livro em psicologia e psicanálise com a obra Estrutura e constituição da clínica psicanalítica. Entre seus livros, incluem-se Mal-estar, sofrimento e sintoma, Por quê Lacan? A psicose na criança e O cálculo neurótico do gozo.
- Carl Kendall, antropólogo, atualmente é professor de antropologia da Escola de Saúde Pública e Medicina Tropical da Universidade Tulane, na Louisiana, chefe do departamento de Saúde Comunitária Global e Ciência Comportamental , diretor do Center for Global Health Equity. Foi professor da Universidade Johns Hopkins por 10 anos, professor e diretor da Escola de Medicina Tropical e Higiene de Londres, presidente interino do Departamento de Saúde Global na Universidade Tulane. É revisor de projetos do Instituto Nacional de Saúde dos EUA (NIH) e consultor do programa global de Aids na UNICEF, OMS, USAID e Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC). Sua pesquisa volta-se para a área de antropologia médica, avaliação de programas e formação de pessoal técnico de nível superior.
- Lucas Veloso, jornalista e um dos co-fundadores da Agência Mural de Jornalismo das Periferias, é formado em jornalismo pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC) e mora em Guaianazes, na zona leste de São Paulo. Já atuou com redação em agências de comunicação e foi repórter no portal Alma Preta. A missão da Agência Mural é minimizar as lacunas de informação e contribuir para a desconstrução de estereótipos sobre as periferias da Grande São Paulo. E Lucas é autor de uma excelente reportagem sobre o distanciamento na periferia e as reações que provoca, publicada pela Folha de S. Paulo na segunda-feira, 11.
- Sabine Righetti, jornalista de ciência e pesquisadora, é fundadora e uma das coordenadoras da Agência Bori, lançada em fevereiro passado, voltada aos jornalistas, com a missão de disseminar as pesquisas produzidas por cientistas brasileiros. Tem tido papel destacado no apoio à cobertura da Covid-14. É mestra e doutora em política científica e tecnológica pela Unicamp, foi coordenadora e é membro do conselho consultivo do RUF e é pesquisadora docente do Labjor – Unicamp
- Mariluce Moura é jornalista de ciência e pesquisadora. Criadora e diretora até 2014 da revista Pesquisa Fapesp é criadora e coordenadora do projeto Ciência na rua, voltado a investigação e disseminação de novas formas de divulgação científica para jovens de 14 a 25 anos, em especial nas camadas de baixa renda da população urbana brasileira. É graduada em jornalismo pela UFBA, e mestra e doutora em comunicação pela Universidade do Rio de Janeiro (UFRJ).