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Vamos incentivar a curiosidade infantil

por | 16 ago 2022

por Thaciana de Sousa Santos

O Brasil é um país lindo. Cheio de cultura, lugares incríveis e que satisfazem todos os gostos. Tem praias belíssimas para os amantes do verão, como Porto de Galinhas, e, aos apaixonados pelo frio, oferece, por exemplo, Gramado, uma cidade cheia de história. Com tanta maravilha, ainda há o amor pelo futebol. Não importa a quantidade de desilusões na Copa do Mundo, a cada quatro anos, as ruas e os rostos são pintados e os brasileiros sentam para assistir o Brasil jogar, o famoso país do futebol, sempre com esperanças de ganhar. Para quem não é tão fã do futebol, tem o vôlei, que é cheio de emoções e imprevisível. Há sempre algo no país que satisfaça a paixão de cada um.

Se o país é uma beleza natural, a democracia deixa a desejar. Existem muitas coisas para as quais se pedir melhorias, como saúde e a educação, que afetam diretamente a camada social mais baixa. A falta de investimentos em educação acelera a desigualdade e influencia cada vez mais nas escolhas dos jovens para a decisão de carreira.

Mesmo com o currículo para a educação fundamental básico sendo comum para as escolas públicas, crianças com dificuldade em matemática não são consideradas inteligentes, como aquelas que possuem facilidade. Desde os primeiros anos de alfabetização já existe essa distinção, deixando os pequenos com baixa autoestima intelectual. Desse modo, quanto mais velhos ficam, menos se interessam pela matemática, pois já disseram a eles que não eram bons, e assim, menos gostam de ciências exatas e mais aumentam o estereótipo de que só quem tem o “dom” para a matemática, se torna cientista.

As crianças têm um cérebro novinho, só esperando as informações, e é aí que são moldados para ser diferentes. Os leigos nas ciências exatas não sabem como responder as mil perguntas feitas pelas crianças e, às vezes, o assunto é algo tão abstrato, que nem sabem como provar. O astrofísico Neil de Grasse Tyson, em seu livro Respostas de um astrofísico, comenta sobre a sua filha estar saindo da fase de acreditar na fada do dente. Como qualquer criança, ela quis espalhar a informação que tinha acabado de descobrir, contando aos colegas de sala que a fada no dente era, na verdade, os seus pais. Já se imagina o alvoroço das crianças, muitos incrédulos com aquela barbaridade, e foi proposto então, um experimento. Quando o dente de alguma criança da sala caísse, ela não avisaria aos pais, apenas colocaria embaixo do travesseiro, pois a fada do dente saberia; se não tivesse dinheiro no dia seguinte, elas saberiam que a fada do dente não existe.

As crianças não são “miniadultos”, são crianças, que não tiveram experiências e acreditam no que é dito, mesmo sem provas. Esse é o ponto de mudança, mesmo que os adultos que recebem a curiosidade infantil não saibam explicar quando elas perguntam o porquê de a Terra ser redonda, ou por que não caem, já que o planeta está rodando. Sim, porque a internet está aí, hoje em dia é muito mais fácil obter essas informações, ensinar de forma simples e leve. Incentivar a curiosidade, não moldar pessoas conformadas com o que é falado, mas sim pessoas questionadoras, que não aceitam qualquer resposta para as suas dúvidas. Elas precisam de provas, experimentos, precisam ser ensinadas a pensar, não apenas acreditar.

O mundo dos cientistas é esse, pessoas questionadoras, não gênios da matemática, ou os alunos com maiores notas. E é assim que realmente deve ser. O livro de Tyson pode ajudar muitos a moldar futuros cientistas e a desmitificar o “dom da matemática”.


Thaciana de Sousa Santos, a Tatá, é estudante de graduação do Instituto de Física da Universidade de São Paulo e escreve semanalmente para o Ciência na Rua

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