Paulo Menezes, coordenador do Comitê Científico para a covid no Estado e professor da Faculdade de Medicina, reforça a importância da manutenção das medidas de segurança no País como forma de evitar mais essa ameaça
Áudio: Rádio USP
Desde a chegada da variante Ômicron no Brasil, cinco casos de infecção pelo vírus foram confirmados, sendo três deles no Estado de São Paulo. Em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, o professor Paulo Menezes, chefe do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e coordenador do Comitê Científico para a covid no Estado, comenta o possível impacto da variante no País e as medidas de segurança necessárias para enfrentá-la.
Inicialmente, o professor Menezes conta que ainda não há informações precisas sobre a nova variante, reconhecida há pouco mais de uma semana. A identificação de um número alto de mutações sugere que a Ômicron seja muito mais transmissível do que outras variantes, especialmente a delta, mas o médico reforça que seu efeito no número de casos, internações e óbitos ainda não foi estimado.
A expectativa de Menezes, no entanto, é otimista. “Nosso nível de preocupação agora é menor do que no momento em que surgiu a variante Delta. Hoje, a população está bem protegida com as vacinas, a manutenção do uso de máscaras e a suspensão de algumas aglomerações, então estamos mais tranquilos de que conseguiremos enfrentar essa variante nova com segurança e sem um grande impacto na saúde pública”, diz.
Em resposta à chegada da Ômicron, o governo de São Paulo suspendeu a flexibilização do uso das máscaras, até então prevista para ter início no dia 11 de dezembro, e reduziu para quatro meses o intervalo para aplicação da dose de reforço na capital. Além de tais medidas, o professor traz atenção à testagem, essencial para reduzir a transmissão do vírus: “A recomendação é que qualquer pessoa com sintomas gripais, como coriza, dor de garganta ou febre, se dirija a uma unidade de saúde ou farmácia para fazer o teste. Os testes rápidos, de antígeno, são muito eficientes e permitem que a pessoa testada prontamente retome suas atividades, no caso de um resultado negativo, ou faça o isolamento, se contaminada”.
Em relação aos viajantes, que eventualmente podem trazer o vírus ao País, o médico frisa que a mais efetiva medida de segurança é a exigência do passaporte vacinal. “Como o vírus viaja muito rapidamente, a restrição para a entrada de pessoas vindas de um lugar específico não é muito adequada. A demanda pelo passaporte vacinal de viajantes de qualquer procedência seria mais eficaz”, diz.
“Agora, no final do ano, vamos ter muitas reuniões familiares e de trabalho, e minha recomendação é que as pessoas mantenham-se protegidas. É preciso continuar com os cuidados: higienizar as mãos, usar máscaras fora de casa, evitar aglomerações e não se expor. Também é importante não entrar em pânico, não ter uma atitude de maior ansiedade em relação à Ômicron. O trabalho que foi feito até agora vai permitir que enfrentemos essa nova variante de forma bem-sucedida”, finaliza Menezes.