Na semana passada, o Ciência na rua publicou uma nota informando que o pesquisador alemão Michael Brecht, ganhador do renomado prêmio Leibniz, estará aqui no Brasil para ministrar palestras sobre os circuitos neurais do toque físico, que desembocam, por exemplo, nas cócegas e no consequente riso. A matéria completa está aqui.
Acontece que, para ilustrar a nota, usamos este meme:
Foi postar que as perguntas começaram a chegar: este tubarão é de verdade? Tubarões sentem cócegas mesmo? Como somos muito curiosos por aqui, fomos atrás de um especialista em tubarões para esclarecer a situação.
O biólogo Ricardo Garla, doutor em Zoologia pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) e coordenador do Projeto Tubarões Fernando de Noronha é especialista em conservação de espécies animais, com ênfase em tubarões. Foi para ele que despachamos as dúvidas de nossos leitores e veja só o que ele respondeu:
“Também vi esta imagem recentemente (que é um “fake”) – trata-se de um boneco virtual criado em computador. Os peixes, incluindo os tubarões são sensíveis à estimulação táctil e isso inclusive pode ser um estimulo a mais para frequentarem estações de limpeza (além do estimulo maior de serem limpos, é claro). Mas até onde pesquisei isso não despertará um sentimento similar as cocegas da mesma forma que nós, mamíferos, conhecemos”, explicou.
Mas, calma, não precisa desistir ainda:
“No caso de alguns peixes, incluindo algumas espécies de tubarões (lembrando que existem mais de 500 delas e por isso generalizações nem sempre são possíveis…), estímulos tácteis ou alterações na posição do corpo podem induzir um estado de imobilidade tônica. Vários animais podem ser induzidos a esse estado, incluindo mamíferos, repteis, aves e peixes”, continua. É o caso desse aqui, o dorminhoco das Bahamas, que o próprio Garla sugeriu.
“Eu já induzi imobilidade tônica em parte dos tubarões que capturei e marquei, mas nunca dessa forma. Para os meus trabalhos bastava posicionar o animal ao lado do barco com o ventre para cima e ele logo entrava neste estado. Em suma, creio que podemos dizer que as cócegas fazem um tubarão ‘dormir’ (na verdade não é estado de sono, mas o efeito visual é parecido) e não sorrir!”, conclui o pesquisador.