Carolina Octaviano, Inova, especial para o Jornal da Unicamp
foto da home: Antonio Scarpinetti
Com a segunda maior população de pets de todo o mundo, o Brasil registra, hoje, 52,2 milhões de cães e 22,1 milhões de gatos vivendo em ambiente doméstico, de acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet). Atentos aos desafios do mercado, pesquisadores da SciPet, empresa-filha do Instituto de Computação (IC) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), desenvolveram um sistema inteligente para gestão de bichinhos de estimação a partir de uma plataforma colaborativa, permitindo o gerenciamento destes animais em espaços compartilhados. Uma das funcionalidades da ferramenta, que contou com a colaboração de pesquisadores da Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação (FEEC) da Universidade, é auxiliar na busca por animais perdidos, sendo uma alternativa menos invasiva à microchipagem.
“A tecnologia é inovadora por realizar o mapeamento de animais em espaços compartilhados com humanos. O propósito do sistema é, justamente, conhecer estes animais que dividem o espaço conosco, garantindo o bem-estar deles”, conta Fabio Piva, CEO da SciPet Soluções em Inovação Tecnológica. A empresa-filha da Unicamp efetuou, recentemente, o licenciamento da tecnologia. A plataforma foi apelidada de CrowdPet.
Com foco em prefeituras, ongs, pet shops e condomínios residenciais, o CrowdPet permite conhecer o espaço de maior concentração de pets, localizar bichinhos perdidos e abandonados e levantar informações sobre eles. Resumidamente, seu funcionamento se dá da seguinte maneira: os usuários inserem as informações sobre os animais (foto e características gerais) numa plataforma colaborativa, formando um cadastro geral de animais. O reconhecimento de animais perdidos se dá por meio de inteligência artificial, cruzando as imagens do pet perdido com os dados inseridos na plataforma. A tecnologia já está em uso por profissionais da Prefeitura de Jaguariúna, no interior de São Paulo, desde setembro de 2018. Por enquanto, no caso de Jaguariúna, apenas os funcionários da prefeitura que atuam na saúde e bem-estar animal podem cadastrar os animais na plataforma, mas a intenção é expandir para a população geral.
O professor Eduardo Alves do Valle, da FEEC e que participou da etapa de pesquisa da nova tecnologia, conta que um dos diferenciais da tecnologia está, justamente, na utilização da Inteligência Artificial, que permite a identificação do animal por meio de suas características físicas. Afinal, se há a identificação facial para humanos, por que não utilizar algo semelhante para os animais?! “Já havia uma extensa literatura voltada ao reconhecimento facial humano. Mas o desenvolvimento de um sistema que reconhece os animais pelas características físicas é inovador”, defende. A tecnologia utilizada atualmente pela SciPet foi possível a partir de uma colaboração entre Universidade e Empresa e contou com a participação ainda dos pesquisadores Allyson Melo de Oliveira, Fernanda Andaló, Orlando Volpato Filho e do próprio Fábio Piva.
O desenvolvimento da plataforma CrowdPet se dará em três etapas distintas, conforme destaca o CEO da empresa. “Lançamos esse primeiro módulo da plataforma, que chamamos de ‘registro animal’ e é voltado para utilização em prefeituras. É uma versão disponível para os agentes de bem-estar animal e de saúde. Com a tecnologia, todo animal que passa por essas clínicas, que têm um grande fluxo, é registrado no sistema por um agente”, aponta Piva.
Com o primeiro módulo instaurado, já é possível conhecer melhor a população de animais de estimação de uma cidade. “Depois, temos o módulo da identificação do animal, que ainda está em testes. E, por último, lançaremos o aplicativo para a população que servirá como uma rede social para os animais”, revela o empreendedor.
A previsão é que a solução seja adotada por mais dez novas cidades ainda neste ano. “O feedback está sendo extremamente positivo, pois estamos trazendo inovação de processo para um setor de bem-estar animal, que é muito carente de inovação. E isso não é apenas no Brasil”, avalia.