É impossível pensar na massificação dos computadores pessoais sem citar Steve Jobs (1955-2011). O garoto que começou ao lado de outro Steve, o Wozniak, na garagem da casa dos pais e terminou seus dias à frente da gigante Apple. É claro que ele não fez tudo sozinho. Sempre teve ao seu lado gente talentosa e ousada. E também disposta a deixar o maior facho de luz do holofote para Jobs – o chefe.
Ele foi o visionário da brilhante geração de inovadores do Vale do Silício. O cara que previu que os computadores pessoas dominariam o mundo, mesmo quando a gigante da época – a IBM – não acreditava que uma pessoa comum e corrente desejasse ter um computador em casa. Jobs apostou na ideia, trabalhou, comercializou e entrou para a história.
Hoje os computadores estão na palma das nossa mão. O que também tem a ver com ele, pois o primeiro smartphone a assombrar consumidores foi o iPhone da Apple. Agora tem outras megamarcas e outros sistemas operacionais no mercado, porém o crédito da inovação é da equipe do Steve Jobs.
Mas essa crônica – que já está se alongando – não é para falar de Steve Jobs e nem da Apple. Na verdade não é para falar de computadores e celulares. É para lembrar do cara que, no século 15, inventou uma máquina que revolucionou a cultura da época de jeito parecido com que computadores revolucionam a cultura contemporânea.
Lá pelo ano de 1455, o alemão Johannes Gutenberg, ouvires e gráfico, inventou a prensa de tipos móveis. O que significou impressão em massa, rapidez, baixo preço. Só para lembrar, antes de Gutenberg os livros eram copiados. Apenas um punhado de poderosos e privilegiados tinham acesso aos volumes manuscritos.
A chamada prensa de gutemberg foi decisiva para a massificação da informação, para as políticas de alfabetização, para a invenção dos meios de comunicação impressos. O Renascimento e a Reforma Protestante, por exemplo, são devedoras do gráfico alemão. Por trás desses dois acontecimentos havia a ideia de massificar a informação. Da Bíblia à Enciclopédia.
A invenção de Gutenberg – como a de Steve Jobs e equipe – vieram para mudar o mundo. Isso mostra, também, o papel decisivo das tecnologias nas revoluções culturais. E mais, tanto o mundo impresso quanto o mundo digital só deram muito certo porque incluíram na brincadeira a maioria dos humanos.
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Fernanda Pompeu é webcronista. Escreveu roteiros para a série de TV Mundo da Lua, transmitida entre 1991 e 1992 na TV Cultura. É autora do livro 64, publicado pela Brasiliense. Mantém o site Fernanda Pompeu Digital.