Tem gente que acredita ser a tecnologia quem melhor nos define como espécie. Ou seja, a noção de “humano” viria grudada com invenções e usos das técnicas. Não sei se é verdade total. Mas é um bom bocado. Ao olhar para qualquer cantinho do planeta e avistarmos um caminho de pedras, vestígio de fogueira, guimba de cigarro, roda d’água, bateria de celular podemos afirmar com certeza: Humanos passaram por ali.
Pois nossa espécie tem o incrível poder – vindo da necessidade ou do prazer – de configurar e reconfigurar. Daí vêm pontes e muros. Escalda-pés e antibióticos. Máquinas de lavar roupa, aviões, chicletes, armas, fogos de artifício. Nada disso nasceu da natureza. Tudo isso passou pelo engenho humano. Para todos esses inventos contribuíram imaginação, observação, passado, técnica.
Mas também é fato que as tecnologias não são iguais. Nem em impacto, nem em difusão. Muitas são incrementais – melhoram o que já existia. Outras são disruptivas, isto é, chegam para derrubar o coreto e pôr outro no lugar. Exemplo perfeito de tecnologia disruptiva é a internet.
Ela veio para abalar porque é tecnologia cognitiva – a que ensina e transforma outras tecnologias. Ela já mudou os jeitos com que fazíamos as coisas. Mas não só, a internet possibilita novas maneiras de pensarmos as coisas.
A invenção da escrita também foi tecnologia cognitiva. Nasceu para dar nomes aos bois e um tempo depois serviu para criar poemas, fábulas, leis. Como a internet, ela transformou a forma de estarmos no mundo.
Outro feito fenomenal da rede mundial é fazer com que todos pensem com curiosidade de jovens. Mesmo as senhoras como eu. Os melhores aplicativos são para todas as idades. As redes sociais estão abertas para crianças e velhinhos.
O fato de gerações diferentes experimentarem e modificarem os mesmos espaços digitais, sendo que a netinha pode ensinar a vovó a usar um tablet, é uma chocalhada no cérebro dos humanos.
Fernanda Pompeu é webcronista louca por ciência.