Creio que muita gente já viu ou pôs na lista de desejos o filme Perdido em Marte, dirigido pelo Ridley Scott, roteirizado por Andy Weir e Drew Goddard. Numa classificação rápida o filme é de ficção científica, gênero em que a imaginação enlouquece de tamanha liberdade. Mas Perdido em Marte resolve fazer das ciências sua viga mestra.
O astronauta da Nasa Mark Watney, encarnado no ator Matt Damon, se vê sozinho no planeta distante milhões de quilômetros da Terra. Questão absoluta: como sobrevier? Aí a história se torna eletrizante, pois Mark não pode errar. Ele precisa focar nas habilidades e conhecimentos que juntou por toda a vida.
Ter se formado em Botânica foi providencial. O rapaz consegue fazer uma plantação de batatas. Não ter matado aulas de química e de física também o ajudam a “fabricar água”, portanto a não morrer. Também compreende que a criatividade não é atributo ou opção, mas rotina.
É certo que ele está longe de ser náufrago em ilha deserta, bebendo água de coco e se alimentado de peixinhos. Mark está abrigado em uma Base-módulo segura, cercado de computadores incríveis, furadeiras de alta precisão, trajes espaciais e lista que segue. Mas sem sua inteligência e habilidades, a parafernália tecnológica seria elefante branco em Marte.
Em momento de inflexão do roteiro, o astronauta solitário consegue fazer contato com a Nasa. Aí o filme fica ainda mais interessante, pois entra em cena a inteligência de equipe – muita gente com habilidades distintas pensando nos mesmos problemas. Corolário: as soluções vão aparecendo, cada vez mais ousadas e acertadas.
É verdade que, ao lado dos cálculos e da sofisticada tecnologia, existem boas pitadas de coragem, heroísmo, solidariedade, política, propaganda, música – todas essas coisas impregnadas nos seres humanos. Mas são as ciências e as habilidades no uso de ferramentas que roubam as cenas do filme.
Quando a gente pensa que a história terminou, vem a homenagem aos professores. Fecha-se o círculo precioso do conhecimento: aprender, exercer, ensinar.
Fernanda Pompeu é webcronista louca por ciência.