Quinto webinar da série “Novos Estudos para decifrar o Brasil contemporâneo” trará Celso Lafer e Paulo Artaxo
A série de webinars “Novos Estudos para decifrar o Brasil contemporâneo”, organizada pelo Instituto Ciência na Rua, vai apresentar nesta quinta-feira, 18 de novembro, das 11 horas ao meio-dia e meia, um debate sobre “COP26: o futuro do planeta e os desafios do Brasil”.
Trata-se de tema crucial e obrigatório para qualquer projeto a sério de país que, neste momento, esteja sendo desenhado pelas equipes técnicas de atores políticos de olho no executivo federal brasileiro pós anos sombrios (2019-2022). E será abordado por dois protagonistas de alto nível nesse campo multidisciplinar: os professores da Universidade de São Paulo (USP) Celso Lafer, ex-ministro das Relações Exteriores (1992 e 2001-2002) – nessa condição, vice-presidente da primeira COP, a Rio 92 –, e Paulo Artaxo, autor-líder do capítulo 6 do Relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU (IPCC), documento central, divulgado em agosto, para as discussões em novembro da COP26 em Glasgow.
Também participará do debate como comentarista o jornalista e professor Carlos Eduardo Lins da Silva, profissional com larga vivência na cobertura internacional e nos assuntos de relações internacionais globais, atualmente docente no Programa Avançado em Comunicação e Jornalismo do Insper. Ele dividirá com Mariluce Moura, diretora do Instituto Ciência na Rua, a condução do webinar.
Entre os pontos principais a serem abordados, será inescapável um olhar crítico aos limites e às consequências da timidez do documento firmado na COP26 por cerca de uma centena de nações, em 12 de novembro em Glasgow, ante a urgência de medidas que assegurem uma elevação máxima de 1,5º C na temperatura da Terra, nas próximas décadas, para proteger a vida no planeta. Se está longe ainda, por exemplo, de um plano para banir os combustíveis fósseis, ainda que o documento final tenha feito alusão aos esforços por sua redução. O financiamento das medidas, inclusive para os países ambientalmente mais vulneráveis, ainda é uma promessa vaga, sem detalhamento e consistência.
Outro ponto fundamental será certamente as possibilidades de recuperação do protagonismo brasileiro na questão das mudanças climáticas globais, nos próximos anos. O apagamento desse lugar de destaque do país no cenário internacional, que começou a ser construído há quase 30 anos na própria Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, ou seja, a Rio92, não é um problema apenas para o Brasil, mas para o mundo. As razões são simples: vão desde o peso natural de biomas como a Floresta Amazônica, que em rota de destruição por incêndios criminosos ameaça a captura de carbono da atmosfera e a inverte para indesejáveis emissões, até as contribuições para a sustentabilidade propostas pelos grandes projetos de energia de biomassa, como o do etanol, ou mesmo de energia solar e eólica.
Os dois palestrantes têm muito a dizer sobre qualquer desses pontos. Vale registrar aqui que Celso Lafer, professor emérito da USP, formado em direito pela USP, mestre e doutor em ciência política pela Universidade Cornell, presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) de 2007 a 2013, a par de seu trabalho diplomático, seja em grandes órgãos internacionais, como a ONU e a Unesco entre outros, seja à frente do Ministério das Relações Exteriores, tem uma experiência ímpar no tocante ao envolvimento com instituições acadêmicas, científicas, jurídicas, empresariais, empresas públicas e privadas, instituições culturais e artísticas. São nada menos que 43 os livros de que ele é autor ou organizador desde os anos 1960, dos quais aqui destacamos A reconstrução dos direitos humanos: um diálogo com o pensamento de Hannah Arendt (2009), A nova configuração mundial do poder, em coautoria com Carlos Eduardo Lins da Silva e Gilberto Dupas (2008), A identidade internacional do Brasil e a política externa brasileira: passado, presente e futuro (2004) e Hannah Arendt: pensamento, persuasão e poder (1979, 1ª ed e 2003, 2ª ed).
Já Paulo Artaxo, um dos mais importantes e internacionalmente respeitados cientistas brasileiros, formado em física, mestre em física nuclear e doutor em física atmosférica pela USP, instituição da qual é professor titular, tem atuado intensamente nas questões de mudanças climáticas globais, meio ambiente na Amazônia, física de aerossóis atmosféricos, poluição do ar urbana e outros temas relacionados, tanto em termos estritamente científicos como no âmbito da política científica dessa área, dupla face bem traduzida na sua condição de membro do IPCC. Trabalhou na Nasa (Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço, dos Estados Unidos), e como professor visitante trabalhou nas universidades de Antuérpia, na Bélgica), Lund, na Suécia, e Harvard. É membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC), da World Academy of Sciences (TWAS) e da Academia de Ciências do Estado de São Paulo (Aciesp), da qual é vice-presidente, assim como da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, a SBPC. Sua produção acadêmica é oceânica, com quase meio milhão de artigos científicos publicados, e é coordenador do Programa Fapesp de Mudanças Climáticas Globais e membro do INCT Mudanças Climáticas.
Quanto ao comentarista convidado do webinar, Carlos Eduardo Lins da Silva é, em sua face acadêmica, graduado em jornalismo pela Cásper Líbero/PUC, mestre pela Universidade Michigan e livre-docente e doutor em Comunicação pela USP. Foi professor do Instituto de Relações Internacionais e da Escola de Comunicações e Artes da USP e professor visitante nas universidades de Georgetown, do Texas, em Austin, e de Michigan. Nas atividades de jornalista, ele foi repórter, editor, secretário de redação, diretor-adjunto de redação, correspondente nos EUA e ombudsman da Folha de S. Paulo, diretor-adjunto de redação do Valor Econômico, editor da revista “Política Externa e âncora do programa Roda Viva, da TV Cultura de São Paulo. É membro do Conselho Curador da Fundação Padre Anchieta e autor de uma dezena de livros sobre jornalismo, comunicação e relações internacionais.