‘Contra Tempo – uma viagem de 200 anos’ será publicado em partes até setembro de 2022
A história da Independência do Brasil já foi contada e recontada em prosa, verso, no cinema, no teatro, na música e por toda sorte de meios e modos reais e virtuais. De forma imaginativa, em cores e numa volta ao passado, o Ciência na Rua lança, a partir do dia 29, a HQ ‘Contra Tempo: Uma Viagem de 200 Anos’. Dedicado principalmente ao público infantojuvenil, o projeto terá 84 páginas e será publicado às segundas e sextas-feiras até março (e segunda, quarta e sexta a partir de abril) no site do Ciência na Rua e no Tapas, com previsão de produção de um livro impresso após o ciclo das publicações online.
A proposta da HQ sobre o Bicentenário da Independência é fazer o leitor vivenciar a história de forma ativa junto com a personagem central, impulsionado pelas palavras, cores, desenhos e, principalmente, pelos detalhes minuciosos de cada período histórico.
Inicialmente, ainda na fase de formatação das ideias para a construção das histórias, a idealizadora do projeto, a jornalista, pesquisadora e presidente do Instituto Ciência na Rua, Mariluce Moura, fez diversas sondagens com historiadores e desenhistas. Após inúmeras recomendações e cuidadosa curadoria, reuniu então renomados profissionais e especialistas na equipe final para integrar o projeto da HQ do Bicentenário: o paulista João Paulo Garrido Pimenta, Professor do Departamento de História da Universidade de São Paulo (USP), especializado em História da Independência do Brasil, e os mineiros Igor Marques (roteirista), Ana Cardoso (desenhista) e Hyna Crimson (colorista).
‘Contra Tempo: Uma Viagem de 200 Anos’ embarca numa viagem histórica, partindo dos dias atuais para voltar ao passado e (re)contar a História da Independência do Brasil. A personagem central da HQ é uma mulher negra, jovem e estudante de história dos dias de hoje. A imaginária ‘cápsula do tempo’ a faz desembarcar em 1817, em plena Revolução de Pernambuco, passa por 1822, acompanha o centenário da Independência (1922), avança para 1972, ano do sesquicentenário e período mais duro da ditadura militar, em pleno governo do general Emílio Garrastazu Médici.
“Quando retorna ao ponto inicial, em 2022, a personagem traz na bagagem uma nova compreensão da história do Brasil. Parece sugerir uma visão distópica, mas na verdade é muito atual e real”, revela o historiador João Pimenta. “A intenção foi mostrar os efeitos da violência, do racismo e de outros fatores que acabaram por constituir e forjar o Estado, a Nação e a identidade nacional brasileira tal qual se apresenta nos dias de hoje”, completa.
Para o roteirista Igor Marques, a HQ sobre o Bicentenário coloca a personagem “in loco” para trazer um novo olhar para partes da história, ao participar e vivenciar ativamente, e por isso consegue desmistificar algumas narrativas tradicionais ao contrapor a história “real” e a “oficial”.
Igor trabalhou com a ideia de enumerar fatos que não são tão conhecidos, e reconecta-los a outros, de forma que despertasse o interesse do público infantojuvenil, partindo de referências bibliográficas e históricas, alicerçadas no conhecimento e nos estudos do professor João Pimenta.
“A minha inspiração foi representar o cenário daquela época, trazer os fatos para a primeira pessoa – a personagem que viaja no tempo -, mas não de forma didática, e sim divertida, para o leitor aprender (e ensinar). Ou seja, de forma indireta, que a personagem pudesse trazer os relatos dos acontecimentos e mostrar como a nossa própria história reflete agora, nos tempos atuais, nos nossos costumes e na nossa identidade”, diz Igor.
Traços, Cores e Tons
Para traduzir a história e o roteiro em imagens, foi essencial a sintonia entre a desenhista Ana Cardoso e a colorista Hyna Crimson. Cardoso argumenta que para aproximar todos os contextos da história imprimiu uma visão mais pop em cada desenho. “O grande desafio foi criar visualmente uma tradução da história através dos traços, das cores e dos tons, até para reforçar os pontos históricos reais que são contados em uma viagem no tempo. E isso é imprescindível quando se pensa em uma história em quadrinhos para o público infantojuvenil, que está muito adaptado às cores e tons das telas, diferente de um conteúdo apresentado no impresso”.
O Projeto
Idealizadora do projeto e atual presidente do Instituto Ciência na Rua, Mariluce Moura foi fortemente inspirada na própria vivência da fascinante leitura de histórias em quadrinhos, desde a infância, quando consumia tudo que estivesse ao seu alcance, desde Bolinha, Luluzinha, Os Sobrinhos do Capitão, até Homem de Borracha, Super-Homem e todos da Marvel.
“Desde que idealizei o Ciência na Rua meu objetivo foi tratar a ciência em amplos aspectos, e isso também inclui as ciências humanas e socais, para contribuir especialmente para o desenvolvimento e a educação do público infantojuvenil. Embora a abordagem da nossa HQ tenha aspecto ficcional, o grande trunfo é o forte embasamento histórico, em cocriação com pessoas que pensam e estudam a história do Brasil, a partir de novos pontos de vista e contextos”, conta Mariluce.
Com um total de 84 páginas, a HQ do Ciência na Rua será lançada online com quatro páginas iniciais. Na sequência, serão duas semanais, de meados de dezembro até o fim de maio de 2022 e, a partir de junho, serão três páginas por semana, até o encerramento em 2 de setembro, às vésperas da data oficial do Bicentenário da Independência do Brasil.
A audiodescrição da HQ é realizada pela Imagem Acessível – Soluções em Inclusão, com roteiro de Letícia Mazzoncini e consultoria e validação de Victor Hugo Cruz Caparica.