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Projeto de nova cadeia produtiva de insumos vegetais vence concurso Biota Empreendedorismo
Equipe vencedora do concurso

Equipe vencedora do concurso

Fitoquímicos de plantas para áreas degradadas”, projeto desenvolvido no Instituto de Química da Universidade Estadual Paulista (IQ- Unesp), em Araraquara, São Paulo, conquistou o primeiro lugar no concurso “Biodiversidade e Empreendedorismo”, realizado na quarta-feira,14 de setembro, no auditório da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Iniciativa do Programa BIOTA-Fapesp, o concurso tem o objetivo de fomentar o empreendedorismo e promover o desenvolvimento de negócios que utilizem a biodiversidade brasileira de forma sustentável.

Antes da defesa pública dos projetos finalistas, Henry Suzuki, diretor da Axonal Consultoria Tecnológica, falou sobre “Inovação, propriedade intelectual e informações tecnológicas – o que todo mundo deveria saber?”.

Vanderlan da Silva Bolzani e Carlos Alfredo Joly

Vanderlan da Silva Bolzani e Carlos Alfredo Joly

“O concurso surge para estimular jovens mestrandos e doutorandos a pensarem na transformação da nossa biodiversidade e foi uma experiência pioneira”, disse Carlos Alfredo Joly, coordenador do Programa BIOTA-Fapesp. “Ficamos surpresos com a diversidade de enfoque dos projetos inscritos e o alto nível da competição”, acrescentou.

No total, 12 projetos foram inscritos e cinco deles chegaram até a fase final. Formou a equipe de avaliadores, responsável por escolher os modelos de negócios vencedores, Aluir Dias Purcero, sócio fundador da TECHMALL e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Luciane M. Ortega, vice-coordenadora da Agência USP de Inovação (Auspin), Milton Mori, diretor executivo da Agência de Inovação da Unicamp (Inova), Rita Costoya, gerente de transferência de tecnologia do Núcleo de Inovação Tecnológica da Unesp (NIT) e a professora Vanderlan Bolzani, da Unesp e membro da coordenação do BIOTA-Fapesp.

“Empreender dentro da biodiversidade brasileira é fantástico, tivemos projetos de excelente qualidade”, ressaltou Vanderlan. “A ideia do projeto é fazer com que os jovens percebam que existe vida fora do campus, usando o conhecimento da universidade”.

O projeto da equipe vencedora, formada pelas jovens químicas Lilian Cherubin Correia, Alene Cortes de Queiroz e Silva e Naira Buzzo Anhesine, todas na ligadas à pós-graduação em Química Orgânica da Unesp, teve por foco a exploração das áreas de Reserva Legal (RL) e de preservação permanente (APPs), previstas no novo Código Florestal, para criar uma nova cadeia produtiva de insumos vegetais através de um processo de produção sustentável.

Sua proposta é utilizar espécies vegetais nativas com potencial biológico e econômico como opção para o reflorestamento. Nas buscas por um método simples e barato, as autoras criaram e patentearam uma metodologia inovadora de extração de materiais vegetais, a Extração On-line (OLE, na sigla em inglês). Ela permite obter extratos e frações diretamente do material vegetal e se mostra uma alternativa ambientalmente mais amigável justamente por dispensar etapas de preparo de amostra, além de garantir a estabilidade dos compostos extraídos.

A metodologia inspirou o nome da empresa criada pela equipe para disputar o concurso do Biota, a BiO’LExtracta. O objetivo geral do negócio é utilizar a biodiversidade brasileira de maneira sustentável para produção de insumos vegetais (tinturas, extratos, frações enriquecidas e substâncias puras) que sejam de interesse das indústrias de fármacos, fitomedicamentos, cosmética e, principalmente, alimentícia. A empresa ainda não saiu do papel, mas tem previsão para iniciar as operações no próximo ano. Em busca de financiamento para começar, a equipe vai submeter o projeto ao programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas da Fapesp (Pipe).

“Unimos na proposta duas legislações vigentes: o Novo Código Florestal (Lei Nº 12.651/2012) e a Nova Lei de Biodiversidade (Lei Nº13123/2015), todas iniciativas muito importantes para a contenção do desmatamento desenfreado no Brasil e a preservação da biodiversidade”, contou Lilian.

O Novo Código Florestal prevê a criação de áreas de reserva legal (RL) — que garantem o reflorestamento e a preservação de, no mínimo, 20% de vegetação nativa das propriedades rurais — e de preservação permanente (APPs), que protegem 10% da mata ciliar.

Lilian Cherubin Correia, da equipe vencedora, durante a defesa pública do projeto

Lilian Cherubin Correia, da equipe vencedora, durante a defesa pública do projeto

“Muitos proprietários rurais deixam de cumprir essa legislação por perderem um lucro significativo em decorrência de não poderem usar a área total da propriedade para plantações ou pastos”, explica Lilian. Em função disso, o grupo pesquisou quais plantas seriam recomendadas para reflorestamento no estado de São Paulo e descobriram que muitas delas já têm demanda de mercado, além de ações farmacológicas comprovadas.

Entre essas espécies estão a guaçatonga (Caseria sylvestris), o mulungu (Erithryna mulungu), a cássia, o galso barbatimão, o jatobá, a copaíba e a pata de vaca. “Se os produtores rurais não tivessem apenas o ônus da preservação das RL e APPs e pudessem lucrar com a exploração sustentável dessas espécies, a lei seria cumprida de maneira mais integral e a biodiversidade seria preservada”, diz Lilian. “A balança entre economia e meio ambiente ficaria equilibrada”.

Contribuíram para a formulação do trabalho dois pós-doutorandos, Gabriel Mazzi Leme e Paula Carolina Pires Bueno. O orientador foi Alberto José Cavalheiro, do Núcleo de Bioensaios, Biossíntese e Ecofisiologia de Produtos Naturais (Nubbe) do IQ-Unesp.

“Vencer o concurso foi muito importante, ganhamos visibilidade para o projeto e uma injeção de entusiasmo para seguirmos na área do empreendedorismo, aliando a medicina popular brasileira às tecnologias desenvolvidas na universidade à serviço da sociedade”, comemorou Lilian.

(clique aqui para baixar o PDF da apresentação do projeto)

Integrantes dos cinco projetos finalistas e a equipe de avaliadores

Integrantes dos cinco projetos finalistas e a equipe de avaliadores

Outros projetos

Ganhador do segundo lugar no concurso, o projeto Manejo integrado de carrapatos: atração feromonal e controle biológico”,  da USP  é voltado para a criação de uma tecnologia limpa e eficiente no controle do carrapato.

A equipe é formada pelos biólogos Lucas Garcia von Zuben e Tulio Marcos Nunes, doutorandos, respectivamente, na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras e na Faculdade de Ciências Farmacêuticas, ambas da USP em Ribeirão Preto, interior de São Paulo. O terceito integrante é o economista Filipe José Dal’Bó de Andrade, mestre em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

A tecnologia desenvolvida pelos pesquisadores é baseada na utilização de um microogarnismo que é inimigo natural do carrapato. Com esse microorganismo foram criados dois produtos para o controle tático da praga. O público-alvo destes produtos são, primeiramente, pequenos e grandes pecuaristas brasileiros. “Porém, por se tratar de um problema mundial, essa tecnologia tem um potencial de escalonamento incrível”, explica Lucas.

A empresa criada chama-se Decoy e está incubada desde de 2014 na SUPERA, incubadora sediada no parque tecnológico de Ribeirão Preto e já conseguiu financiamento para o desenvolvimento da tecnologia pelo programa Pipe.

Os outros três projetos que chegaram à final do concurso e participaram do evento foram:

– “Nanoformulações lipídicas de alcaloides antiparasitários”, da Unesp
– “Balbina: Mitigando Emissão e Gerando Créditos de Carbono”, da USP
– “BIOT GAS: gases de biorreatores”,  da USP

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