Vai ser, com certeza, um megaevento. A começar pela abertura. Imagine: Teatro Castro Alves, o maior e mais imponente de Salvador, ao fundo da imensa praça chamada Campo Grande, lotado por aproximadamente 1.554 pessoas, primeiro impressionadas pela percussão de 70 alabês (percussionistas ligados a rituais de matrizes africanas) que vão tocar na área externa do prédio modernista, às 17 horas do dia 14 de julho. Depois, durante 20 minutos, elas se verão encantadas, enlevadas e envolvidas pela execução, a cargo da Orquestra Sinfônica, Madrigal e Canto Coral da Universidade Federal da Bahia (UFBA), sob a regência do maestro José Maurício Brandão, de duas peças extraordinárias: Abertura Festival Acadêmico, de Brahms, e Fantasia Coral para Piano, Coro e Orquestra, de Beethoven.
Assim altamente sensibilizada, a plateia da abertura do Congresso da UFBA — porque é disso que se trata –, estará pronta para as densas reflexões da conferência da filósofa e professora da Universidade de São Paulo (USP) Marilena Chauí, “Contra a universidade operacional e a servidão voluntária”, às 18 horas. E estimulada para a intensa programação dos três dias seguintes.
São cerca de 2.200 itens no programa, entre mesas redondas e fóruns com participação de docentes, discentes e técnicos administrativos da UFBA e de outras instituições do país, apresentações de trabalhos individuais e de grupos, intervenções artísticas e práticas integrativas de saúde, de acordo com as informações oficiais da própria UFBA.
Até o momento, mais de 5 mil participantes estão inscritos e há a expectativa de que esse número dobre ao longo das próximas semanas, fazendo deste congresso um dos maiores eventos já organizados pela universidade ao longo de sua história para refletir sobre a própria instituição. “É a ampla discussão que faz a vida universitária florescer. O congresso é uma oportunidade única de a universidade buscar se conhecer e se reinventar, celebrando a alegria de ser UFBA”, comenta o reitor João Carlos Salles, professor titular de filosofia da universidade.
O objetivo fundamental do evento, ele diz, é “fazer a UFBA olhar para si mesma”, o que deve acontecer via debates sobre os desafios enfrentados por quem vive o dia-a-dia da instituição e também por meio da circulação do conhecimento produzido por esta universidade nas mais diversas áreas do conhecimento, estimulando a integração da comunidade universitária.
Há uma expectativa de que os debates promovidos pelo congresso sirvam para amadurecer novas ideias sobre os rumos da universidade. Daí devem surgir documentos capazes de tornar mais claras as diretrizes da UFBA quanto a ensino, pesquisa científica, extensão, assistência estudantil, expansão universitária e inclusão social, entre outras questões cruciais para seu futuro. E esse conjunto de textos servirá de base ao debate e à revisão criteriosa dos quatro documentos centrais que norteiam a gestão universitária, ou seja, o Plano de Desenvolvimento Institucional, o Plano Diretor de Tecnologia da Informação, o Estatuto e o Regimento Geral.
O compositor e professor da Escola de Música Paulo Costa Lima, assessor especial da reitoria, que está à frente da equipe de organização do congresso, ressalta que este “não será só mais um ‘congresso de área’”. Para além das discussões sobre o funcionamento da universidade, ao acolher apresentações de resultados da produção científica e artística da UFBA, ele deve estimular docentes, técnico-administrativos e estudantes a transpor as fronteiras da burocracia e da disciplinaridade acadêmica. A par da apresentação de seus próprios trabalhos, os participantes vão ter a oportunidade de conhecer o que está sendo feito por colegas de outras áreas.
A premissa de “integrar a UFBA”, segundo Paulo Lima, se traduz no design do evento: em vez de dispersar as atividades por várias unidades, sob o risco de produzir mini-congressos de área, isolados entre si, optou-se por concentrar as atividades em espaços que favoreçam o contato entre pessoas e trabalhos de áreas diversas. Assim, de sexta a domingo, 15 a 17 de julho, quase tudo acontecerá nos Pavilhões de Aulas 1 e 3 (PAFs) e, subsidiariamente, nos auditórios de unidades no campus de Ondina. O quase vai por conta dos eventos que acontecerão no salão nobre da reitoria, no Canela.
As atividades do Congresso vão ocorrer em três turnos: das 08h às 12h15, das 14h às 17h e das 18h30 às 21h. As intervenções artísticas acontecerão nos intervalos de 17h às 18h30 na Praça das Artes do campus de Ondina, onde haverá também um espaço para práticas integrativas de saúde, como massoterapias diversas, Reiki, acupuntura, etc.
Cerca de 50 pessoas estão envolvidas na organização do Congresso, e nos dias do evento terão o reforço de aproximadamente 300 estudantes que vão atuar como monitores, recebendo para tanto uma bolsa-auxílio de R$ 300. Mais detalhes sobre os preparativos para o evento podem ser acompanhados pelo site www.congresso.ufba.br e pela fanpage www.facebook.com/Congresso-da-UFBA